| 25/04/2008 08h07min
As colheitadeiras retiram poucos grãos das lavouras de soja do noroeste gaúcho, mas o bom preço é um alento para os produtores que sofreram mais uma frustração de safra em razão da estiagem. É com esse pensamento, de contrabalançar e recompensar, que começa neste sábado, dia 26, às 10h, a 17ª Feira Nacional da Soja, em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul.
– A situação é diferente de há dois anos, quando tínhamos frustração aliada ao baixo preço. Isso freou toda a economia na época. Hoje a conjuntura é favorável, apesar da queda de produção na nossa região – diz o presidente da feira, Milton Racho.
Se, em 2006, quando foi realizada a última Fenasoja, os reflexos da seca de um ano antes deixavam uma legião de desempregados - principalmente do setor de máquinas agrícolas - , neste ano, até falta mão-de-obra.
Com esse cenário, na esteira da valorização dos preços das commodities, a previsão é de que a feira fature em nove dias R$ 40 milhões, quase 80% acima da última edição. Se o agricultor da região não fará negócios no evento, a expectativa fica com os de fora. Há produtor que está obtendo bom rendimento em locais onde não faltou chuva. No Rio Grande do Sul, segundo a Emater, a produção será de 7,98 milhões de toneladas, 19% inferior a 2007.
– Os preços ao produtor melhoraram. Infelizmente, o resultado final não é tão positivo porque os custos de produção igualmente subiram muito nos últimos 12 meses – avalia o coordenador da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário da Unijuí, Argemiro Luís Brum.
A tendência é de que o preço do grão se mantenha em alta. Isso em razão da queda nos estoques mundiais do produto. O maior produtor, os Estados Unidos, reduziu a área na safra passada para aumentar a do milho e produzir etanol a partir dele. Foram 5 milhões de hectares que deixaram de ser cultivados com soja. A Argentina poderá também reduzir a área da oleaginosa.
– A taxação sobre o milho
menor do que a da soja faz com que
os argentinos tendam a cultivar mais milho. Assim, sobra para o Brasil atender a demanda mundial que não pára de crescer – explica o analista da Agência Rural, de Curitiba, Fernando Muraro.
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