| 15/04/2008 17h57min
Embora os programas sociais contribuam para reduzir a fome no Brasil, o problema ainda não foi superado, de acordo com Alberto Broch, vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e integrante do Conselho Nacional e Segurança Alimentar. Para ele, é preciso discutir um novo modelo de agricultura e de desenvolvimento.
A constatação foi feita durante a 30ª Conferência Regional da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) para a América Latina e Caribe, realizada esta semana em Brasília.
Broch citou números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que garante haver mais de 10 milhões de brasileiros sofrendo de sérios problemas de alimentação e subnutrição.
– É verdade que esses números caíram nos últimos anos, mas ainda vivemos grandes contrastes por sermos um dos maiores produtores de alimentos. Nós temos um problema sério para alimentar o nosso povo, como ocorre eventualmente em toda a América Latina ou principalmente em países que são grandes exportadores. Isso é uma vergonha – constatou.
O vice-presidente da Contag destacou que o Brasil tem problemas muito sérios no modelo de agricultura, desenvolvimento, distribuição e nutrição. Segundo ele, isso precisa ser debatido durante a conferência, que termina nesta sexta-feira.
De acordo com Broch, a FAO contabiliza mais de 800 milhões de pessoas que passam fome no mundo. Segundo ele, desde 1996, a organização aprovou medidas para acabar com a fome nos próximos 20 anos. – Já se passaram 15 anos e, em vez de cair para pelo menos a metade, aumentou o número de famintos no mundo.
Para o vice-presidente da Contag, há um modelo de “desenvolvimento perverso” no mundo. Dos mais de 800 milhões de famintos, ressaltou ele, metade vive nas áreas rurais, mas não tem acesso à terra, ao crédito, às políticas públicas, à educação e à formação.
– Então, nós temos uma proposta
muito clara para o Brasil e para o mundo. Para
realmente eliminar esse flagelo, é preciso que se discuta um modelo de desenvolvimento. É preciso fortalecer a agricultura familiar, a reforma agrária. É preciso acesso às políticas púbicas, é preciso discutir que agricultura nós queremos para o futuro – ressaltou.
Confira entrevista da coordenadora da Comissão de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag, Carmen Foro
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