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 | 12/04/2008 13h07min

Produtores rurais destacam diálogo positivo com o governo argentino

Líderes ainda resistem à alta de impostos para as exportações de grãos

As associações agropecuárias da Argentina destacaram o diálogo positivo que mantiveram nessa sexta-feira, dia 11, com a presidente Cristina Fernández de Kirchner, no meio da trégua aos 21 dias de protestos que promovidos até o começo deste mês.

Depois de três horas de conversas, anunciaram que pactuaram com Cristina tratar "todos os problemas" do setor agropecuário em reuniões técnicas que começarão na próxima segunda-feira.

Os dirigentes das quatro maiores associações agropecuárias, que reúnem cerca de 290 mil produtores, insistiram na rejeição à alta de impostos para as exportações de grãos, medida que o governo disse que não vai modificar.

Pouco antes da reunião, o chefe de gabinete, Alberto Fernández, tinha dito que se abriu "uma boa oportunidade" para instalar o diálogo com o campo para "acertar um plano de ação" para o setor, mas negou a possibilidade de revisar a política impositiva.

A maior pressão do Fisco suscitou a greve patronal e os bloqueios de estradas que produtores agropecuários de todo tamanho promoveram durante 21 dias até 2 de abril, quando declararam uma trégua por 30 dias.

– Teremos que ver quais avanços terão sido conquistados quando a trégua terminar: a decisão de voltar à greve ou continuar negociando não será tomada por quatro dirigentes, eles terão que discutir isso com quem se manifestou nas ruas – disse o líder da Federação Agrária, Eduardo Buzzi, em entrevista coletiva na sede do governo.

Buzzi disse que ficou acertado que o chefe de gabinete, Alberto Fernández, liderará negociações nas quais o campo "espera ver como irão sendo resolvidos cada um dos temas pendentes com a maior rapidez possível".

– Foi uma reunião positiva, concordamos e discordamos em cada tema, mas finalmente deixamos de conversar por meio da imprensa e falamos que é preciso uma nova política agropecuária na Argentina – ressaltou Buzzi.

Mario Llambías, presidente das Confederações Rurais Argentinas, destacou que na reunião com o governo "se conversou com muita sinceridade" depois das duras críticas feitas pela governante do país, que chamou os protestos do campo de "piquetes da abundância".

Enquanto isso, o líder da Sociedade Rural, Luciano Miguens, expressou sua confiança em que se possa negociar uma reforma da aplicação "inoportuna e injusta" de um novo sistema tributário que no dia 11 de março tornou mais caros os impostos para a exportação de soja e girassol.

Fernando Gioino, presidente da Confederação Intercooperativa Agropecuária, disse que agora começa "um caminho diferente" no qual o governo "mostrou predisposição a sair das velhas políticas e aplicar outras de longo alcance".

A greve agropecuária causou desabastecimento e altas dos preços dos alimentos, além de afetar a indústria por falta de matérias-primas para tocar a produção.

Além disso, paralisou durante 21 dias o mercado agrícola e os envios de grãos ao Exterior, dos quais a Argentina é um dos principais produtores e exportadores mundiais.

O campo diz que a nova política impositiva representa para o setor um "confisco adicional" de US$ 2,5 bilhões ao ano, além dos US$ 7,5 bilhões anuais que fornece por outros impostos.

Mas as autoridades argentinas dizem que deve melhorar a distribuição de renda e impedir que o país só se dedique a exportar soja em detrimento de outras atividades agropecuárias e da indústria.

A Argentina é o terceiro produtor mundial de soja e o primeiro exportador de óleo desse grão, mas a receita do Fisco não é dividida entre as províncias, o que avivou os protestos do setor agropecuário.

No final de março passado, as duras críticas de Cristina Fernández aos grevistas desembocaram em um "panelaço" de rejeição em Buenos Aires e outras grandes cidades quando o governante acabava de cumprir 100 dias de governo.

Em resposta, setores sindicais e do governante Partido Justicialista (peronista) organizaram um grande ato de apoio à presidente, insistindo em que os protestos no campo e nas cidades foram ataques a seu governo por questões políticas.

 

AGÊNCIA EFE
 
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