| 26/03/2008 02h35min
Centenas de pessoas saíram às ruas de Buenos Aires, na noite desta terça-feira, batendo panelas e frigideiras em apoio ao primeiro panelaço contra a presidente argentina, Cristina Kirchner.
A manifestação ocorreu poucas horas depois de Cristina anunciar que não negociará com os produtores agropecuários, em greve há duas semanas em protesto pelo aumento de impostos à exportação de grãos e pela política oficial em relação ao campo.
Em zonas centrais da capital, como nos bairros residenciais Barrio Norte e Recoleta, centenas de moradores aderiram ao panelaço, fecharam o trânsito e gritaram palavras de ordem contra a governante, enquanto outros acompanharam o protesto de suas sacadas.
Batendo panelas nas ruas de Barrio Norte, Naná, de 56 anos, e Jorge, de 60, disseram que o protesto é uma maneira "pacífica" de demonstrar a "inconformidade" dos argentinos com o governo. Os dois também lamentaram o fato de a presidente estar "provocando
uma divisão na sociedade argentina".
— Não sabemos o que vamos conseguir com isto, mas os panelaços já derrubaram um presidente — lembraram eles, em alusão à renúncia de Fernando de la Rua, em 2001.
Já Andrea Palomas, de 42 anos, saiu às ruas para protestar "contra a política agropecuária" que está acabando com o campo:
— A presidente quis pôr o campo contra a cidade, mas nós, na cidade, estamos do mesmo lado que o campo.
Por sua vez, Ingrid, de 26 anos, declarou que saiu para "protestar por tudo o que está ruim", "porque não é possível que as pessoas vivam sem dinheiro". Cristina, que recém completou cem dias de mandato, anunciou que não cederá à "extorsão" dos produtores agropecuários, que ratificaram ontem sua intenção de manter a mobilização iniciada há duas semanas contra o aumento dos impostos às exportações de grãos e a política governamental.
Produtores agropecuários bloquearam
estradas no interior da Argentina
No interior do país, milhares de produtores agropecuários
apóiam o piquete convocado pelas quatro patronais do setor bloqueando estradas e promovendo paralisações. Em resposta às manifestações, o ex-presidente da Argentina e marido de Cristina, Néstor Kirchner (2003-2007), convocou para quinta-feira, em Buenos Aires, um ato em apoio ao governo e em repúdio à greve dos agropecuários, disse à imprensa o prefeito da localidade de Florencio Varela, Julio Pereyra.
Depois de uma reunião com Kirchner, Pereyra confirmou a convocação para o ato, que terá Cristina como oradora. Além do panelaço em diferentes bairros de Buenos Aires, protestos similares foram registrados também hoje em algumas das principais cidades do interior do país, como Córdoba, Rosário, Tucumán e Mar del Plata.
Argentinos bateram panelas e frigideiras em Buenos Aires na noite desta terça-feira
Foto:
Natacha Pisanrenko, AP
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