| 19/12/2007 06h00min
O Pioneiro divulgou entrevista feita pelos repórteres do jornal A Notícia com Luiz Felipe Scolari, em Criciúma, na última semana, numa rápida passagem pela cidade em seus inúmeros compromissos, mas serviu para uma conversa interessante. O reconhecimento ao trabalho de Mano Menezes, como um possível sucessor em estilo e determinação, com a idêntica passagem vitoriosa pelo Grêmio, não contém nenhum exagero e, relutantemente, sempre foi uma escolha de Felipão. Questão de estilo, questão de jeito. Concordo com ele com relação a Romário: talvez possa ser um técnico de futebol no Vasco da Gama, mas nunca na condição atual de jogador e técnico. São tarefas incompatíveis e necessariamente conflitantes num momento ou em outro.
Dunga vai bem, eu também acho, a grande tarefa que ele está cumprindo é exatamente aquela que faria Felipão se tivesse aceitado na noite do pentacampeonato em Yokohama o convite para continuar como técnico da Seleção: a renovação é indispensável, e depois do clamoroso
fracasso da
Alemanha, mais ainda.
Felipão acredita na recuperação de Ronaldo e de Ronaldinho por essas razões que ninguém pode anular: são dois extraordinários jogadores, a recuperação é uma questão de clima, embora não seja fácil porque um notável tem muita dificuldade em mudar de direção.
Ah, o melhor técnico, numa ligeira confissão, é Bernardinho, que é do vôlei, e por isso precisa ser considerado numa categoria especial, a dos técnicos em todos os sentidos. É uma pequena visão crítica, mas é também um elogio merecido a Bernardinho, o mais vitorioso de todos os técnicos brasileiros.
O conflito com o jogador sérvio que ia agredir Quaresma e ele interceptou com meio soco, Felipão considera como um acidente, também achou feio, mas não prometeu se corrigir.
E quatro dias antes da eleição na Fifa, escolheu Kaká como melhor jogador do mundo, mas reservou este ano de 2008 quase que por inteiro para Cristiano Ronaldo, seu jogador e, de fato, um
fenômeno.
Sempre é bom ouvir as opiniões
de Luiz Felipe Scolari. A malícia de suas frases a gente só entende depois como, de resto, devem ser as boas malícias.
Vitrina
Ouço muitas não exatamente discordâncias ou divergências, mas uma certa falta de entusiasmo com as primeiras contratações do Grêmio. Ontem recebi vários e-mails pedindo que intercedesse para que Vagner Mancini não contratasse mais jogadores do Paulista, de Jundiaí. Não deve haver nada particularmente contra o Paulista, mas contra a procedência dos jogadores, o torcedor quer um pouco de grife. E até esse momento, é verdade, a grife é apenas modesta, não tem aquele alarido do grande nome, do Salgado Filho lotado, da carreata até o Olímpico com direito a palanque, coletiva com o presidente à mesa, e todas as manchetes. Mas todo mundo está agindo da mesma maneira por escassez de duas coisas: de jogador e, sobretudo, de grana. Assim procede o Corinthians, a grande crise do futebol paulista e brasileiro, não vai ser diferente com o
Palmeiras, mesmo que agora
esteja sob as ordens de Wanderley Luxemburgo, um técnico ambicioso, e ainda é pior na maioria dos clubes pela mesma razão. De fato, Victor como goleiro, Peter como Tcheco, Junior, e Tadeu como centroavante não podem gerar entusiasmo ou aumentar a arrecadação geral nas lojas e bilheterias. O futebol é também uma espécie de vitrina: o que se vê exposto é geralmente a melhor idéia da loja.
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