| 29/10/2007 12h01min
O Plenário da Câmara dos Deputados pode votar nesta terça-feira a regulamentação da Emenda 29, que estabelece os índices mínimos de investimentos na área de saúde. Apesar de outras 16 proposições estarem na pauta do plenário, o presidente Arlindo Chinaglia afirmou que a regulamentação da emenda é o único item que será votado, pois a proposta é absolutamente prioritária. Também estão na pauta do Plenário nove MPs, o projeto da reforma política e a PEC do Voto Aberto.
Para garantir consenso sobre a regulamentação da Emenda da Saúde, o Executivo pode destinar mais R$ 3 bilhões para a área no próximo ano, além dos R$ 47 bilhões previstos no orçamento de 2008. Os recursos viriam do aumento da parcela da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) destinada à saúde. A proposta foi apresentada na última quinta-feira em reunião dos ministros de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, da Saúde, José Gomes Temporão, e da Fazenda, Guido Mantega, com o líder do governo,
deputado José
Múcio Monteiro (PTB-PE), e com o coordenador da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).
Os ministros da área econômica querem manter a correção do orçamento da saúde pelo Produto Interno Bruto (PIB) nominal e pretendem buscar recursos adicionais em outras fontes, sendo a principal delas a CPMF — cuja prorrogação até 2011 ainda depende de votação no Senado.
Índices
Atualmente, 0,20% dos 0,38% arrecadados com a CPMF são aplicados em saúde. O governo propõe aumentar esse percentual no próximo ano e promover um escalonamento até 2011, quando a alíquota chegaria a 0,28%.
— O problema da proposta é a fonte de onde o governo pretende tirar os recursos, pois a CPMF é provisória — disse Perondi.
Ele afirmou que, além de a CPMF ser transitória, não se pode manter a vinculação com o PIB. Nos últimos 11 anos, segundo Perondi, os gastos com saúde caíram de 1,9% para
1,7% do PIB.
— O setor só tem perdido dinheiro com essa
vinculação — argumentou.
Em 1995, segundo Perondi, as receitas correntes do governo representavam 18,01% do PIB. Em 2006, subiram para 25,14%. Já as despesas do Ministério da Saúde, dentro das receitas correntes, caíram de 9,64% para 6,98% no mesmo período.
— A arrecadação cresceu como nunca, mas a saúde foi esquecida — disse.
De acordo com ele, a Frente da Saúde poderá recomendar que não seja votada a regulamentação da emenda, caso o governo não melhore sua proposta sobre os recursos para o setor. Segundo Perondi, a frente quer destinar para a saúde 10% da receita corrente bruta, o que representaria R$ 25 bilhões a mais já em 2008.
Apesar das divergências, o líder do governo, deputado José Múcio Monteiro, acredita que a negociação avançou, pois se começou a falar em números. O parlamentar reconheceu, no entanto, que o governo terá de melhorar sua proposta.
— Na realidade, precisamos ceder um pouco. Se não
vamos conseguir um número ótimo, que seja pelo menos um número
bom, melhor do que se tem hoje — disse.
A Câmara marcou duas sessões ordinárias — uma na terça-feira e outra na quarta-feira às 16h — e uma sessão extraordinária — na quinta-feira às 12h — para votar a regulamentação da Emenda 29.
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