A foto abaixo é a última lembrança que os colorados têm do catarinense Mahicon José Librelato da Silva, 21 anos. Trata-se da comemoração do gol marcado contra o Paysandu, dia 17, em Belém. Foi este gol que começou a resgatar o Inter da vergonha da segunda divisão. Mahicon completou para a rede, quase sobre a linha, um cruzamento de Fernando Baiano. Depois se atirou no gramado e festejou como criança.

O gol aliviou o Inter. E Mahicon era um dos mais angustiados naqueles três dias na calorenta Belém. Mesmo há menos de um ano no clube, parecia torcedor desde a infância. Na viagem de ida, acompanhou com atenção de plantão de rádio todos os resultados. A cada escala, telefonava para casa e repassava os placares dos jogos. Ouvia e transmitia para Claiton, de quem esteve sempre junto naquela viagem. O volante era junto com Chris o melhor amigo do atacante.

Mahicon temia cair para a segunda divisão com o Inter logo na sua primeira temporada em um clube grande. Havia deixado o Criciúma em janeiro depois de três temporadas como destaque. Na cidade, era apontado por muitos como o melhor jogador surgido no futebol catarinense nos últimos tempos. Mahicon fazia por merecer a distinção. Empilhava gols com facilidade e, no final de 2001, livrou o Criciúma do rebaixamento para a terceira divisão. Foi decisivo na vitória em jogo com o Sergipe. Fez o mesmo pelo Inter há 12 dias.

Depois de um início em que oscilou entre o time titular e a reserva no Inter, garantiu sua vaga no time contra o Santos , dia 31 de agosto. Marcou o primeiro gol da vitória de 3 a 0. Depois, fez outros sete no Brasileirão. Na temporada, foram 10. Participou, ao todo, de 37 partidas em 2002 - em 12 delas entrou no decorrer.

O semblante naquela viagem de volta de Belém era outro. As conversas eram amenas e retomou as palavras cruzadas, das quais nunca se separava nas viagens. O sorriso, delineado pelo aparelho ortodôntico retirado dias antes, resplandecia entre os colorados. Mahicon se sentia em casa no Inter e já havia sido adotado pelos colorados.