| 21/02/2002 22h
O ministro uruguaio de Indústria, Energia e Mineração, Sergio Abreu, disse que o Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul) fracassou no objetivo de ser uma união aduaneira. Em declaração ao semanário Búsqueda, Abreu afirmou que a "punhalada ao Mercosul se deu na modificação dos tipos de câmbio, especialmente a do Brasil, em janeiro de 1999".
– Não digo que há uma maldade brasileira, mas se acentuaram os desequilíbrios que terminaram por comprometer o Mercosul e sua credibilidade – afirmou o ministro.
Na semana passada, Uruguai e Estados Unidos anunciaram a criação de uma comissão para negociar acordos de livre comércio entre os dois países, o que enfraquece o Mercosul. O Brasil defende que as negociações devem ser feitas pelo bloco econômico, para ter maior poder de barganha. O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, e tem Chile e Bolívia como membros associados.
Marcino Fernandes Rodrigues Júnior, advogado especialista em
direito empresarial institucional e
presidente da Câmara de Indústria e Comércio Brasil-Uruguai, avaliou que as declaração do ministro uruguaio tenha mais efeitos políticos do que econômicos. Mas ressalta que o país vizinho precisa realmente encontrar novos mercados para reduzir a dependência econômica da Argentina e do Brasil.
– Os negócios com estes dois países representa 65% do fluxo comercial nas exportações. Por isto, a saída do governo em reduzir a dependência e procurar uma saída fora do bloco econômico do Mercosul – acredita Rodrigues.
Renan Proença, presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) avalia que este é o pior momento para uma declaração como a que foi feita pelo ministro uruguaio, lembrando a crise argentina que ainda preocupa o Mercosul. Para Proença, a declaração não passa de um fato político que ele não acredita que irá evoluir do ponto de vista econômico.
– Isto seria um equívoco total. Que país na América do Sul desconhece o
potencial fantástico de mercado que tem o
Brasil? Fazer esta troca, do Mercosul por outros mercados, é trocar o certo pelo duvidoso – ponderou Proença.
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