| 17/08/2008 23h06min
Um golpista de São Paulo está provocando alvoroço entre as coordenações de campanha de candidatos a prefeito na região metropolitana de Porto Alegre. Bem vestido e falante, ele promete manipular o resultado das urnas, alegando possuir acesso ao sistema de informática do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília. O golpe foi mostrado na noite deste domingo pelo programa Fantástico, da Rede Globo. O suposto esquema teria sido oferecido em pelo menos três municípios.
— Veio uma história de que eles estão vendendo a eleição. Realmente causou um tumulto, um alvoroço na região. Inclusive citaram em algumas conversas que já teriam vendido eleições em São Paulo, que estariam negociando na cidade de Porto Alegre e em Brasília — disse um advogado que assessora duas campanhas na região.
Um dos políticos procurados pelo golpista identificado como Márcio foi o vereador Charlante Stuart (PP), candidato a vice-prefeito em Cachoeirinha:
— Eu recebi um
telefonema perguntando se eu queria ganhar
a eleição. Eu respondi que sim, né. E aí eles me responderam: "Mas tu queres 100% de certeza de que vais ganhar a eleição?". Isso aí me deixou louco, muito preocupado.
Com uma câmera escondida, a reportagem da RBS TV acompanhou a conversa entre Márcio e o candidato.
— A gente tem de pegar um número x de urnas eletrônicas, reprogramar elas, saber qual o tipo de flash card (cartão de memória) que vai ter nela, qual é a cor do disquete, saber mais ou menos qual a quantidade de votos que tem naquela urna e colocar um número x de votos pro candidato que eu vou querer — explicou o paulista.
O custo do serviço seria de R$ 2 milhões. A metade do valor seria paga na hora, e o restante, em 10 parcelas após o pleito. Para ganhar a confiança do cliente, o estelionatário garante possuir a senha do presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, que teria obtido por meio da internet.
— Eu hackeei a senha dele — explicou Márcio, fazendo uma
menção ao verbo "hackear", que é usado no meio de
informática para se dizer que alguém invadiu um sistema de segurança.
O golpe conta a participação de um comparsa gaúcho que se identifica como Plínio, locatário de uma sala comercial no centro de Cachoeirinha.
— Eu te garanto 110%. Ele é filho de desembargador, esse menino (Márcio) — diz o homem identificado como Plínio.
Depois de gravar os flagrantes, a reportagem da RBS TV mostrou as imagens ao professor de informática da PUCRS Fabiano Hessel, em Porto Alegre. Ele é especialista em urnas eletrônicas.
— Em poucas horas, ou mesmo em alguns meses, ele (o golpista) não conseguiria quebrar a senha criptografada, precisaria de um parque computacional com uma capacidade extremamente grande para quebrar a senha criptografada e aí ter acesso ao sistema. Então, eu considero praticamente impossível a fraude em uma eleição — afirmou Hessel.
O presidente do TSE também descartou a possibilidade de a promessa do golpista
se concretizar.
—A minha senha nem existe ainda,
minha assinatura digital nem foi colhida, de maneira que ele não tem essa senha, nem nunca vai ter.
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