| 19/07/2008 13h04min
O governo norte-americano desembarca em Genebra, na Suíça, absolutamente mudo sobre a possibilidade de fazer concessões no corte de subsídios aos níveis pedidos pelos países emergentes nas negociações da Rodada Doha.
O chanceler brasileiro Celso Amorim chegou a alertar que, se as negociações forem adiadas por mais quatro anos, quem se beneficiaria seriam os países emergentes, que poderiam se fortalecer até lá e ganhar ainda mais apoio da opinião pública mundial por um acordo que corrija as distorções no comércio.
Em uma reunião entre a representante do Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab, e o ministro indiano do comércio, Kamal Nath, a Casa Branca evitou dar sinais de que poderia cortar seus subsídios agrícolas para um teto de US$ 13 bilhões, defendido pelos emergentes.
Para diplomatas de vários países, concessões em todos os demais setores dependerão de quanto os EUA estão dispostos a cortarem em seus subsídios.
— Estamos
aqui para negociar. Um acordo ainda é possível
— afirmou Schwab.
Mas norte-americanos apontam que, para cortar os subsídios, terão de ganhar em outros setores. Para Amorim, a mudança no cenário internacional faz com que o esforço dos EUA em aceitar a proposta não tenha o mesmo valor que no passado. Em outras palavras, Amorim aponta que os Estados Unidos não podem cobrar o mesmo preço dos emergentes por aceitar o teto:
— Não tem o mesmo valor e isso temos de levar em conta — afirmou.
Mas o chanceler afirma que o Brasil cortará em mais de 30% suas tarifas industriais:
— Estamos preparados a fazer cortes em todos os setores. Mas não podemos aceitar dois pesos e duas medidas — disse ele, se referindo aos cortes que ocorreriam no setor industrial e os ganhos na agricultura.
O chanceler diz que está disposto a negociar uma conclusão para a Rodada Doha:
— Viemos para fechar um acordo. Mas não será fácil — disse, criticando o desequilíbrio
entre as propostas agrícolas e industriais que estão sobre a mesa.
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