| 09/05/2008 01h59min
Após sete horas de duração, encerrou-se o depoimento do ex-secretário do Planejamento, Ariosto Culau à CPI do Detran. O momento mais tenso da sessão foi às 22h37min, quando Ariosto se irritou com uma série de perguntas do presidente da CPI do Detran, Fabiano Pereira (PT). O deputado fez um cálculo para mostrar que o economista havia tido perdas salariais ao trocar suas funções no governo federal, em Brasília, pela vaga no primeiro escalão do governo Yeda Crusius.
— Vim para cá com extremo sacrifício pessoal — disse Ariosto.
Fabiano, a seguir, perguntou o motivo de o economista ter aceito a "perda de dinheiro". O ex-secretário classificou a questão como ofensiva e lesiva a sua história.
— Deputado, há outras
compensações na vida além do dinheiro. Eu tive a máxima compensação de estar aqui
participando de um projeto que eu acredito. Não admito essa pergunta — afirmou Ariosto, com raiva, que foi aplaudido por funcionários da secretaria e ex-assessores que acompanhavam a sessão no Plenarinho.
O presidente da CPI perguntou se ele autorizaria a quebra do seus sigilos. Ariosto respondeu que autorizava completamente a quebra. Em seguida, irritado, disse que não autorizaria.
Fabiano já havia provocado Ariosto ao perguntar a razão de ele não ter se declarado à governadora impedido de comandar a força-tarefa que reestruturou o Detran uma vez que era amigo de Lair Ferst. Empresário e suposto lobista ligado ao PSDB, Ferst é um dos principais suspeitos de envolvimento na fraude no Detran. Ariosto se limitou a dizer que Ferst já estava afastado dos contratos da autarquia desde a troca da Fatec pela Fundae no início do ano passado.
O presidente da CPI também relacionou o escândalo no Detran com a suspeita de envolvimento de Ferst em contrato com a
Corsan. Reportagem de Zero Hora
mostrou que a empresa MD Segurança, contratada pela Corsan sem licitação, tinha o suspeito como procurador.
— O contrato é de R$ 2,2 milhões. É interessante que é o mesmo recurso que era dado para a Fundae. Os dois eram contratos emergenciais. Vejam que interessante. Lair também era procurador da Newmark e Rio Del Sur era procurador. Tem a semelhança. E 30% do contrato da Fatec era para a propina. Já o contrato com a MD é de segurança armada. Temos depoimentos que os trabalhadores da MD trabalham desarmados. Isso significa redução no contrato, em torno de 30%. Que casualidade. É tudo ingenuidade — argumentou Fabiano, ressaltando que o novo convênio seja uma compensação a Ferst.
Na seqüência, foram interrogados o contador da Fundae, Helvio Debus, e o servidor do Detran Gilson Araújo. A sessão se encerrou às 5h23, após mais de 11 horas de duração.
Emocionado, Ariosto tirou os óculos, bebeu água e pediu a interrupção da reunião por alguns minutos
Foto:
Reprodução, TVCOM
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