| 26/04/2008 17h17min
O tremor político provocado pelo encontro do secretário estadual do Planejamento e Gestão, Ariosto Culau, com o empresário Lair Ferst, indiciado pela Operação Rodin por suspeita de participação na fraude no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), foi sentido em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, na sexta-feira.
Integrando uma missão governamental para apresentar as potencialidades econômicas do Rio Grande do Sul, quatro secretários estaduais acompanharam a costura política que manteve Ariosto no cargo mesmo depois da pressão de aliados e da oposição e do constrangimento gerado no Palácio Piratini.
Fernando Záchia (Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais), Aod Cunha (Fazenda), Daniel Andrade (Infra-Estrutura e Logística) e Carlos Otaviano Brenner de Moraes (Meio Ambiente) foram avisados por telefone que, na noite de quinta-feira, Ariosto tinha sido flagrado tomando um chope na companhia de Ferst em um restaurante do Shopping Total, no bairro Floresta, em
Porto Alegre.
A
notícia já havia repercutido no mundo político gaúcho durante a madrugada, na sessão da CPI do Detran na Assembléia. Na sexta-feira, o próprio Ariosto falou por telefone com um dos colegas que estavam em Dubai para explicar o episódio. Surpreso, o interlocutor perguntou:
— Mas tu enlouqueceu?
Em resposta, Ariosto lamentou a crise e disse ter se equivocado ao não fazer uma avaliação política do gesto. Nas ligações entre Porto Alegre e Dubai, ao longo dia, a saída do secretário era dada como certa. Segundo membros do governo, Ariosto estava irredutível: tinha certeza de que a exoneração era a melhor solução para o caso. Colegas de secretariado se somaram à pressão para que ele deixasse o cargo, evitando o sangramento do governo.
— Ele sentiu que criou uma situação injustificável — afirma um dos interlocutores do secretário.
Com os olhos marejados, Ariosto repetiu o mesmo raciocínio:
— Lair é meu amigo. Não me
pediu nenhuma informação. Não vi mal algum em me encontrar
com ele.
Secretário colocou cargo à disposição da governadora A Záchia, membros do governo pediram uma avaliação da repercussão da crise na Assembléia. Ex-presidente da Casa, acostumado à sensibilidade dos parlamentares, Záchia informou que o encontro no shopping havia deixado aliados indignados. É deles a tarefa de conter os ataques da oposição.
— Dá muita pena. Mas o uso político disso o deixa muito vulnerável, insustentável. Vai acabar saindo ainda hoje — avaliou um deputado da base de Yeda.
Yeda, porém, também estava irredutível. Desde cedo, a governadora havia deixado claro que não perderia o técnico buscado em Brasília no início da gestão. Filiado ao PSDB há um ano, Ariosto, 38 anos, é economista, servidor federal de carreira e estava lotado no Ministério do Planejamento como secretário de Orçamento.
— Yeda é muito leal a quem trabalha com ela. Tem total confiança em Ariosto — diz um membro do secretariado.
Na manhã de sexta-feira, a governadora se reuniu com
Ariosto e outros secretários para avaliar o caso no Piratini. Ariosto colocou a vaga à disposição. Segundo um interlocutor, ele não tem apego a cargos ou pretensões políticas. A mesma fonte, porém, faz uma ressalva:
— Ariosto é muito humano, mas a política cobra seu preço.
Ariosto Culau foi visto com o empresário Lair Ferst em um shopping da Capital
Foto:
Marcos Nagelstein
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