A atriz espanhola Penélope Cruz está quase desistindo do projeto para um filme sobre a história de uma jovem espanhola que há um mais de um século se casou com um marajá. Os descendentes do sultão indiano denunciaram como calunioso o roteiro do filme e obrigaram a atriz a repensar o projeto.

Penélope Cruz decidiu trabalhar como protagonista, diretora e produtora, após ler com entusiasmo o romance Paixão Índia, escrito pelo jornalista Javier Moro, que conta a história de Anita Delgado, uma jovem espanhola que dançando flamenco conheceu o marajá de Kapurthala quando este visitava Madri em 1906.

A jovem tinha 18 anos na época e era bailarina em uma boate da capital espanhola. O sultão, assistindo o espetáculo, perdeu a cabeça pela garota e lhe pediu em casamento. Anita Delgado não tinha dinheiro nem educação. Depois de aprender boas maneiras e duas línguas, em cursos pagos pelo sultão, aceitou a proposta e o marajá cobriu de ouro a família da jovem. Anita, quinta mulher do sultão, se mudou para a Índia aos 18 anos.

O romântico casamento acabou quando a jovem traiu o marido. A mulher foi obrigada a voltar para a Espanha e exigiu uma pensão e jóias preciosas. A sua história de amor, considerada intrigante mas ao mesmo tempo escandalosa, permaneceu até hoje na memória dos espanhóis.

Depois da leitura de Paixão Índia, publicado no ano passado, Penélope Cruz anunciou durante o último Festival de Cannes que usaria a história para realizar um filme, no qual iria não apenas interpretar a personagem principal, mas também dirigir e financiar.

Mas, segundo explica nesta segunda-feira o jornal britânico Independent, alguma coisa ocorreu que Penélope desistiu do projeto. O bisneto do Marajá, Shatrujit Singhm, contestou a versão dos fatos proposta pelo livro, dizendo que o texto destrói a reputação do seu bisavô.

— Moro é livre para escrever fatos inventados, mas não pode usar pessoas e nomes reais — explicou.

O herdeiro de Kapurthala também afirmou que ficaria contente em ajudar pessoalmente Penélope Cruz a escrever um roteiro mais preciso e até mesmo a abrir as portas do seu palácio, se houver colaboração.