Festival de Cinema | 06/08/2011 17h56min
O Palhaço e Riscado, respectivamente o filme de abertura e o primeiro longa da mostra competitiva, foram os responsáveis por um dos melhores inícios do Festival de Gramado nos últimos anos. Ambos foram exibidos na sexta-feira à noite. São imensamente diferentes entre si, o primeiro com sua fotografia cheia de filtros, cores quentes, maquiagem exagerada e interpretações às vezes teatrais, o segundo em seu registro hipernaturalista, literalmente documental em certas sequências. Mas não podiam ser mais convergentes: os dois são centrados nas figuras de dois intérpretes que lutam contra um sentimento muito parecido de inadequação social.
O personagem de Selton Mello no felliniano O Palhaço faz os outros rirem, mas o que vê à sua volta só o deixa com vontade de chorar. Trabalha sobre o exagero, alternando um humor tão escancarado quanto o seu apelo melodramático. A mise en scène rigorosa e as elipses narrativas, sobretudo em sua metade final, são fundamentais para que não ultrapasse as fronteiras tanto da lágrima forçada quanto do riso gratuito.
Já a protagonista de Riscado, a atriz batalhadora vivida por Karine Teles, tem força suficiente para se tornar uma das grandes personagens da cinematografia brasileira recente. Sua disposição para encarar as inúmeras, intermináveis dificuldades da profissão é comovente. Contudo, ela só é de fato notável graças à capacidade de sua intérprete de sintetizar tanto estes percalços quanto toda a paixão que a atuação é capaz de provocar. Gramado 2011 recém começou, mas já se pode afirmar que há uma favorita destacada ao Kikito de melhor atriz.
ZERO HORA
"Riscado" e "O Palhaço" foram exibidos na sexta-feira à noite.
Foto:
Montagem com fotos de Divulgação
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