Daniel Feix
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— Somos dois palhaços.
Foi o que disse Selton Mello, abraçado em Paulo José, diante do circo que o envolvia. Paulo sorriu e beijou a testa do diretor de O Palhaço, filme que abriu oficialmente o 39º Festival de Cinema de Gramado, nesta sexta-feira.
Selton falava do longa-metragem propriamente dito, no qual interpreta um palhaço que comanda, junto com seu pai (personagem de Paulo José), o Circo Esperança. Estava cercado de fotógrafos, repórteres e curiosos numa cena que lembrava os momentos de maior tietagem que Gramado já viu - e que andavam raros nas últimas edições do evento.
Alegando cansaço da longa viagem que o trouxe à Serra desde as primeiras horas da manhã, cancelou o encontro com os jornalistas que estava marcado para antes da exibição do filme. Também chegou com alguns minutos de atraso, obrigando toda a programação da noite a ser estendida. Mas, não se pode negar, foi o responsável por uma abertura de gala para o festival.
— Muito mais do que a carreira de ator, é a direção de filmes que me interessa neste momento. Na direção, posso ser muito mais criativo. - revelou, pouco antes de puxar Paulo José para o papo.
Até então, Paulo parecia acanhado, escondido no canto, apenas espiando o homenageado da noite atender os jornalistas - o que não deixa de ser curioso levando-se em conta que se trata de uma lenda viva do cinema e da televisão no país.
Selton, que tem 38 anos e se lançou na carreira de diretor em 2008 com Feliz Natal, apareceu em Gramado ostentando cabelos muito mais grisalhos do que aqueles que nos acostumamos a ver em filmes como Meu Nome Não É Johnny, Lavoura Arcaica e Jean Charles. Acabou muito aplaudido pela plateia do Palácio dos Festivais. Plateia esta que, pode-se dizer, foi mais numerosa do que aquela que se viu na maior parte das sessões de Gramado 2010.
Em 2011, o festival começou promissor.
ZERO HORA