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Festival de Cinema  | 05/08/2011 09h56min

Domingos Oliveira recebe troféu Eduardo Abelin em Gramado

Diretor, roteirista e dramaturgo tem histórico de conquistas no festival de cinema

Neste ano, será menor a chance de cruzar com Domingos Oliveira em Gramado, durante o 39º Festival de Cinema, e, com um tanto de sorte, compartilhar com ele uma noitada em seu ambiente favorito. Que não é exatamente a sala do cinema, diga-se, mas um recanto com um piano ao alcance para ele varar a madrugada tomado uísque, cantando Noel Rosa e Paulinho da Viola, contando saborosas histórias e justificando por que Stanley Kubrick e Dostoievski são autores respectivamente de seu filme (Barry Lindon) e seu livro (Os Possessos) favoritos.

Amante dos prazeres da vida, filósofo do cotidiano, aforista afiado, boêmio, dramaturgo, roteirista e diretor dos mais talentosos – em todas esses frentes –, Domingos, 74 anos, deve ter uma estada mais curta na serra gaúcha. Comparece ao Palácio dos Festivais na noite da próxima quarta-feira para ser homenageado com o Troféu Eduardo Abelin, distinção aos grandes realizadores do cinema nacional.

E Domingos é dos grandes mesmo. Desde seu primeiro filme, Todas as Mulheres do Mundo (1966), obra-prima que permanece encantadora em seu frescor e modernidade narrativa — bom lembrar que esse filme, comédia romântica ambientada na zona sul carioca, tinha como contraponto à época o auge do engajamento estético e social ilustrado pelo cinema novo.


Diretor tem histórico de conquistas em Gramado

Todas as Mulheres do Mundo, protagonizado por Paulo José e a então musa nacional Leila Diniz, firmou a carta de intenções de Domingos como homem de múltiplos talentos e especialista em um tema praticamente único, mas por ele sempre abordado de forma diferente: as relações amorosas e afetivas e seus tensionamentos, idas e vindas, prazeres e dissabores. Em uma trajetória alternada com os palcos, escrevendo, dirigindo e também atuando, Domingos teve no Festival de Gramado importantes conquistas.

Amores ganhou, em 1998, Kikitos de melhor filme pelo júri popular e pelo júri da crítica. Em 2002, Separações valeu os prêmios de atriz a Priscilla Rozenbaum, mulher de Domingos, e de atriz coadjuvante para Suzana Saldanha. Priscilla voltou a vencer com Carreiras, em 2005.

No festival de 2008, Juventude foi aclamado com aplausos em cena aberta. O longa, com Domingos, Paulo José e Aderbal Freire Filho interpretando amigos de infância que promovem um balanço de suas vidas, conquistou os troféus de direção, roteiro e um prêmio especial em reconhecimento ao trabalho do trio.

Gramado também foi o ponto de partida de um peculiar protesto de Domingos que agitou os bastidores do festival. Em 2005, quando competiu com Carreiras, ele lançou o manifesto B.O.A.A. (Baixo Orçamento e Alto Astral), em defesa da realização de filmes bons e baratos no suporte digital – como Carreiras, com orçamento declarado de R$ 35 mil e tocado em regime de ação entre amigos.


Outros homenageados

O músico porto-alegrense Geraldo Flach, responsável por trilhas como a do filme Ilha das Flores, de Jorge Furtado, recebe homenagem no Palácio dos Festivais neste sábado.

O argentino naturalizado brasileiro Gustavo Dahl, cineasta, crítico e gestor cultural que morreu este ano será homenageado no domingo.

Ainda hoje, o ator Selton Mello será homenageado antes de apresentar O Palhaço, seu segundo longa como diretor.

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