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20 anos da Oficina de Criação Literária da PUCRS
Vencedor na categoria Júri Oficial

Divulgação

A Oficina de Criação Literária, dirigida desde 1985 por Luiz Antonio de Assis Brasil, funciona junto ao Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Nesses 20 anos, abrigou mais de 600 alunos e publicou 34 livros da série Contos de Oficina.

Sessenta e quatro de seus ex-alunos já lançaram obras individuais. Entre esses, destacam-se vários nomes dos mais representativos do cenário da literatura nacional: Letícia Wierzchowski notabilizou-se com o livro A Casa das Sete Mulheres, best-seller nacional e transformado em minissérie da Globo; Cíntia Moscovich ganhou o prêmio da Radio France, de Paris, além de obter o Prêmio Jabuti e de ter sido classificada para o Prêmio Portugal Telecom, os mais importantes do país; Amílcar Bettega Barbosa, junto com Michel Laub igualmente encontram-se classificados para o Portugal Telecom e fazem carreira internacional; Vera Karam, Beatriz Viégas-Faria, Hilda Simões Lopes, Mariza Magalhães, Fernando Neubarth e Jerônimo Teixeira foram vencedores do Prêmio Açorianos; Daniel Galera, Daniel (Mojo) Pelizzari, Clarah Averbuck representam a novíssima geração de escritores brasileiros, e já começam a ser traduzidos; Julio Conte e Patsy Cecato são consagrados autores de dramaturgia. Esta é, naturalmente, apenas uma amostra.

O processo da oficina: uma vez admitidos através de uma seleção, os alunos, durante o primeiro semestre, têm contato com a experimentação narrativa e realizam jogos ao estilo dos praticados pelos surrealistas. Em geral intrigantes, esses jogos mostram ao aluno que ele é capaz de criar. Além disso, estudam-se o tempo da narrativa, o espaço, o diálogo e as estruturas narrativas e isso acontece não apenas na intenção de conhecer esses elementos – coisa que um curso de Letras dá conta –, mas para mostrar o arsenal técnico que um escritor pode e deve possuir. No segundo semestre o aluno pratica o conto, buscando adquirir competência no gênero. Fazendo par com a leitura de contos dos grandes autores, são realizados seminários sobre os contos escritos pelos próprios alunos. No debate sereno, mas firme, são examinadas as virtudes do texto e os eventuais problemas. No final do segundo semestre, publica-se a antologia que reúne os contos elaborados durante o período. São, claro, contos iniciais – mas alguns perfeitos e acabados – e assim devem ser entendidos. O empenho futuro de cada aluno será o fiel da balança.

As oficinas não se constituem em fábricas de escritores, assim como as diferentes academias de arte – já seculares e incorporadas ao cotidiano – não fabricam pintores, escultores, músicos. São lugares de elaboração e troca de idéias.

– A oficina do Assis Brasil há anos guia o talento, mas protege a individualidade dos seus autores. Artesanato em vez de indústria. Mas que produção!, comenta Luis Fernando Verissimo.

As oficinas literárias - Luiz Antonio de Assis Brasil

Proposta nova, é compreensível que as oficinas literárias despertem curiosidade, receios, incompreensões e preconceitos. São, entretanto, proposta antiga: tiveram seu início nos Estados Unidos, nas décadas de 30/40. A partir da Segunda Guerra Mundial encontraram seu pleno florescimento. Assim, e por primeiro, tornou-se notório o Program in Creative Writing iniciado pela Iowa University em 1936, sob a direção de Wilbur Schramm e, depois, por Paul Engle, o projeto se celebrizou: até hoje, são convidados escritores de múltiplas nacionalidades, para lá permanecerem por um tempo não inferior a seis meses. Do Brasil, já tivemos participando vários autores, inclusive gaúchos.

No Rio Grande do Sul, a Oficina de Criação Literária da PUCRS foi instituída em agosto de 1985, sendo, por isso, a mais antiga em funcionamento ininterrupto em todo o Brasil. Apesar de todo esse inequívoco acúmulo de realizações, temos de convir que será preciso que passe uma geração para que as oficinas sejam aceitas de modo natural e integradas sem restrições ao sistema cultural.

Formais ou informais, sempre houve oficinas, e eu diria mais: são tão antigas quanto a própria literatura. Não sendo o fim e nem o começo de nada, elas demonstram ser uma passagem de reconhecido proveito. É só perguntar a quem já cruzou por elas.

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