| 17/01/2002 19h54min
O árbitro Alfredo Santos Loebeling (foto) afirmou nesta quinta-feira, dia 17, que escreveu a súmula de Figueirense x Caxias pressionado pelo presidente da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Armando Marques. De acordo com o juiz paulista, Marques o pressionou para mentir no relatório, registrando que a invasão a campo de torcedores alvinegros ocorreu depois do fim do jogo, disputado no Estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis. Na verdade, a torcida interrompeu a partida aos 46 minutos do segundo tempo, quando os catarinenses venciam por 1 a 0.
Loebeling fez a acusação em audiência nesta quinta com o presidente do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Luiz Zveiter. Depois da audiência, Zveiter decidiu afastar do cargo Armando Marques e Loebeling, além dos árbitros assistentes da partida realizada no dia 22 de dezembro. O afastamento será mantido até a denúncia ser apurada, disse o presidente do STJD.
– Loebeling disse que está se sentindo muito acuado pela sua consciência – comentou Zveiter, ao tentar explicar os motivos da suposta confissão.
Enquanto isso, o processo que o Caxias move contra o Figueirense na Justiça Desportiva, solicitando a impugnação do jogo e a reversão dos pontos ganhos, fica paralisado por tempo indeterminado. Caso o clube gaúcho tenha sucesso na batalha jurídica, irá ficar com a vaga à Série A em 2002 que hoje pertence ao Figueira.
Marco Aurélio Pachá, um dos advogados do Caxias no caso, diz confiar na vitória. Segundo ele, a confirmação da invasão antes do apito final caracteriza uma infração do artigo 299 do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol (CBDF).
– Havia duas versões do Loebeling, uma falada e outra escrita. Agora, com a verdade revelada, é preciso punir os responsáveis e reverter os três pontos para o Caxias – declarou.
Já o advogado do Figueirense, João Batista Baby, disse que agora terá de mudar a estratégia de defesa do clube, uma vez que se baseava na súmula de Loebeling. Para Baby, a denúncia não envolve o alvinegro catarinense e diz respeito apenas a Armando Marques e ao árbitro. O advogado também afirmou que Loebeling mentiu na audiência com Zveiter.
– Fiquei surpreso pela irresponsabilidade do árbitro. A nossa torcida entrou em campo para comemorar e é mentira que não havia condições de dar continuidade ao jogo. Ele não esperou os 30 minutos previstos no regulamento da CBF – afirmou Baby.