| 25/09/2009 20h29min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou o aumento da participação nas cotas dos países emergentes tanto no Fundo Monetário Internacional (FMI), quanto no Banco Mundial (Bird), decidido no encontro dos líderes do G-20, em Pittsburgh (EUA).
No FMI, foi aprovado aumento de 5%, ante a proposta inicial de 7% dos países do grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Também houve aprovação de aumento de 3% na participação destas economias no Banco Mundial, em comparação com proposta inicial de 6%.
— Foi um avanço extraordinário — celebrou.
— Saí feliz porque nós conseguimos bons intentos e mais tranquilidade.
Lula também ficou satisfeito com a demonstração de "flexibilidade" dos líderes que não acreditavam que as reformas fossem necessárias.
— Eu disse hoje na minha fala de encerramento: A crise aconteceu e, no meio da desgraça da crise, surgiu a possibilidade de fazer uma mudança que não seria feita se a
crise não tivesse ocorrido — afirmou, em relação ao aumento
de cotas de participação para os países emergentes.
Ao reivindicar aumento de 7% e obter 5%, houve conquista de mais que 50% do que foi pedido, observou Lula.
— Isto é uma vitória extraordinária — reiterou.
Lula lembrou que os bancos diziam que, "se fossem administrados da mesma forma que os Estados, eles quebrariam. E eles quebraram e levaram junto milhões de pessoas. Penso que tivemos uma conquista enorme. E não estou falando de Brasil, falo do G-20 - um povo que vai se beneficiar das mudanças que houve no FMI. Na proposta está pelo menos 5%. Quem consegue 5%, significa que daqui a pouco consegue 7%, e logo está em situação de igualdade", ponderou.
Lula deu destaque aos negociadores da delegação dos países emergentes no G-20. Ontem à noite, ao final do jantar, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que não houve avanço quanto às cotas no Banco Mundial e afirmou que esta questão ficaria para o próximo ano.
— Quando chegamos ao hotel, o pessoal estava
discutindo e já havia sinal de que teria avanço também no Banco Mundial — contou Lula, aos jornalistas. No hotel em que a delegação brasileira estava instalada, também estavam as delegações da Índia e Coreia do Sul.
Lula acredita que houve "briga" para o avanço das negociações. Afinal, disse, "as coisas não saem de graça. Uma coisa sagrada é que a crise abriu a mente das pessoas. A crise econômica, embora tenha trazido transtorno ao mundo, permitiu que as pessoas arejassem a cabeça e ninguém mais pudesse dizer que era dono da verdade. Eu sei o que é fazer reunião com países ricos antes da crise e depois da crise."
O presidente brasileiro afirmou que não ficou explícito no comunicado do G-20 a reivindicação de capitalização do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a capitalização do Banco Africano de Desenvolvimento.
— A capitalização dos bancos regionais está (no comunicado) de forma muito genérica. Penso que agora os países têm um fórum
muito mais importante e mais
representativo para discutir e tomar as decisões econômicas, sobretudo quanto a outras questões, como comércio — disse Lula.
Sobre a Rodada Doha, Lula disse que, ao final da reunião, afirmou para os EUA "tratarem com muito carinho para que se possa encontrar uma solução rápida (para a Rodada de Doha), porque quase todos os países do mundo estão trabalhando favoravelmente à conclusão da Rodada".
— Até porque em crise econômica e diminuição do comércio exterior a conclusão da rodada é importante para aumentar importações e exportações em escala mundial.
Presidente Lula ao lado do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama
Foto:
Ricardo Stuckert, Presidência da República