| 23/09/2009 19h37min
Não deu nem tempo de esperar o início do plantio. A confirmação do primeiro caso de ferrugem asiática na safra 2009/2010 foi anunciada antes mesmo do fim do vazio sanitário em Mato Grosso do Sul. Neste período, que termina no próximo dia 30, é proibido o cultivo da soja no Estado. A medida foi adotada preventivamente para reduzir os índices de infestação da doença.
O primeiro caso de ferrugem nesta safra foi identificado no último sábado pelo laboratório de fitopatologia da Universidade Federal de Grande Dourados (MS). A doença foi encontrada em plantas de soja voluntárias, que germinaram na margem de numa estrada na cidade de Ponta Porã, a cerca de 340km de Campo Grande.
De acordo com especialistas, a umidade provocada pelo inverno chuvoso na região criou condições ideais para que o fungo causador da doença infectasse as plantas, que nasceram de grãos caídos durante o transporte de soja. A situação reforça o alerta para que os agricultores acompanhem o desenvolvimento das lavouras para evitar maiores prejuízos.
— Mesmo aqueles produtores que cumpriram rigorosamente o vazio sanitário devem ficar atentos — diz a fiscal da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal do MS (Iagro), Marise Garcia.
Mesmo com o cumprimento satisfatório do vazio sanitário, os produtores reconhecem que a aparição precoce da doença é um motivo de preocupação. Além disso, o presidente da Associação dos Produtores de Sementes no Estado reclama que da mesma forma como os agricultores são obrigados a cumprir a determinação, os órgãos responsáveis pelas rodovias também deveriam agir da mesma forma.
— Os produtores são responsabilizados e multados caso não cumpram o vazio sanitário. O mesmo, de alguma forma, deveria ser feito com quem tem responsabilidade sobre as estradas. De nada adianta o produtor tomar conta de suas áreas se sojas voluntárias crescerem constantemente nas margens das rodovias, comprometendo a eficiência do vazio sanitário — explica o presidente da Associação de Produtores de Sementes e Mudas do MS (Aprossul).
Em Mato Grosso do Sul esta fiscalização é feita pela Iagro. Vinte e cinco fiscais são responsáveis por acompanhar o cumprimento do vazio sanitário em todo o estado. Coincidência ou não, o surgimento precoce da ferrugem acontece justamente no ano em que as despesas do órgão tiveram que ser reduzidas. A quantidade máxima de diárias por fiscal caiu de 20 para apenas 10 por mês. Com isso o trabalho a campo foi comprometido. No ano passado 80% de toda a área destinada à soja foi percorrida pela equipe. Este ano a área de cobertura não deve passar de 50%.
— Houve contenção de gastos por conta de uma verba do Ministério da Agricultura (R$ 1,2 milhão para toda o setor de defesa vegetal) que foi repassada ao Estado, mas ainda não pode se aplicado pois o estado está em "débito de documentos" com o Ministério da Agricultura — avalia Marise, que finaliza dizendo que não descarta a possibilidade de novos casos de ferrugem aparecerem em maior volume.
Considerada uma das maiores inimigas dos produtores, a ferrugem asiática compromete a produtividade da planta. Na safra passada o primeiro caso da doença foi registrado na terceira semana de novembro, em Goiás. Ao todo foram contabilizadas 2884 ocorrências em todo o país.
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