| 26/05/2009 19h20min
O comunicado do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), de que da base do governo pretende ficar com os dois cargos de direção da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras (presidência e relatoria) despertou a fúria da oposição, que pretende obstruir a pauta de votações do Senado.
O líder do DEM, Agripino Maia (RN), disse que os governistas, com a decisão, perdem a capacidade de diálogo e velocidade na tramitação das matérias.
— O instrumento chamado obstrução vai ser posto em prática — disse Agripino.
E o primeiro alvo da oposição será o Fundo Soberano do Brasil. Criado por meio de medida provisória (MP), o fundo poderá deixa de existir se não for votado antes do dia 1º de junho.
— A disputa vai ser feita na CPI, para que se investigue o fato que está denunciado. Agora, evidentemente, na medida em que o governo sinalize que eles vão ter truculentamente a presidência, porque têm número, nós, no plenário, também
com o nosso número, podemos evitar a aprovação
de coisas de interesse para o governo, como, por exemplo, o Fundo Soberano — argumentou Agripino.
— O governo pode se despedir daquilo que não é do interesse coletivo. Acho que se criar um Fundo Soberano com dinheiro emprestado, com a taxa de juros que o Brasil pratica, não é do interesse do povo do Brasil — disse o Agripino, acrescentando que, "para fazer investimento, é preciso racionalizar o gasto público e poupar".
Mesmo em desvantagem numérica na CPI da Petrobras, Agripino acredita que as denúncias serão investigadas:
— Mesmo tendo apenas três dos 11 membros, se os argumentos estiverem do nosso lado vamos fazer aquilo que nos compete. Se a Petrobras é uma caixa-preta, vamos passá-la a limpo e esclarecer perante a sociedade aquilo que mereça ser esclarecido.
— Se as evidências dos fatos investigados forem muito fortes, não tem maioria ou minoria que sobreviva. Quem vai sobreviver é a evidência dos fatos e das denúncias —
disse Agripino.
O líder do PSB, senador
Renato Casagrande, que pertence à ala governista, ainda defende o entendimento entre governo e oposição na CPI. Ele acredita que a obstrução da pauta pode ser prejudicial aos interesses do governo.
— Com a obstrução, isso pode atrapalhar as comissões e a tramitação dos projetos e isso, de fato, pode ser prejudicial para o governo — afirmou.
Para Casagrande, um ambiente "mais tranquilo" na comissão seria mais favorável ao governo. — Pode ser uma estratégia equivocada (a de ter os dois cargos de comando da CPI). Porque aquilo que se ganha na CPI pode significar derrota no plenário — calculou.