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 | 26/05/2009 03h35min

Caracas elogia história do Grêmio

Jornal local aponto tricolor gaúcho como gigante continental

David Coimbra, Enviado Especial/Caracas  |  david.coimbra@zerohora.com.br

Dois grandes outdoors vermelhos se sucedem pelas largas avenidas de Caracas: um estampa o sorriso ubíquo do presidente Chávez; outro, a expressão grave do zagueiro Jose Manuel Rey, maior ídolo do Caracas FC, o adversário do Grêmio por uma vaga na semifinal da Libertadores, amanhã, às 21h50min, no Estádio Olímpico da Venezuela.

No cartaz, Rey olha com seriedade para o pico da imponente Montanha Ávila, ao pé da qual se deita a Capital. Sua camiseta não é feita de tecido ordinário, mas é composta pelos rostos dos torcedores. Assim é a frase que os incita a comparecer ao jogo: “Tua equipe é do tamanho da tua paixão”.

Isso dá bem a medida de que gênero de time o Grêmio enfrentará. O Caracas está longe de ser o clube de futebol típico da Venezuela, onde o beisebol é o esporte preferido de seus quase 28 milhões de habitantes. Não. O Caracas tem tradição.

Já foi campeão nacional nove vezes em seus 42 anos, está mais uma vez na final do campeonato contra outra equipe da Capital, o Itália, e se orgulha de ter a maior torcida do país. Maior e entusiasmada: durante as partidas no Olímpico, os torcedores costumam tomar todos os 24 mil lugares e cantam “Dá-lhe Rojo!”, o apelido do time.

Todo esse arrebatamento às vezes cobra seu custo: como o álcool não é proibido no estádio e não é feita nenhuma separação entre as torcidas, volta e meia explode uma briga nas arquibancadas.

Para o jogo contra o Grêmio, a direção aumentou os preços dos ingressos. Mesmo assim, é esperada lotação completa. Pudera: a imprensa dá espaços nobres à partida. O diário El Nacional, por exemplo, dedicou toda a sua central tamanho standart do caderno de esportes de segunda-feira para falar dos dois adversários. O título, atravessando as duas páginas, anuncia: “Caracas enfrentará um gigante continental”. No texto, as conquistas internacionais do Grêmio são destacadas, mas o repórter lembra que o time gaúcho está em fase de transição, e como que esfrega as mãos: “la oportunidad de darle un zarpazo al ‘imortal tricolor’ es ahora”.

Zagueiro Rey sofreu balãozinho que consagrou Ronaldinho em 1999

Para tanto, é exatamente com Rey que o Caracas conta, mais do que seus outros quatro da seleção venezuelana. Porque Rey, além de ser um zagueiro confiável, é o cobrador de faltas do time. Chuta forte e colocado de qualquer distância. Nesta Libertadores já marcou dois gols de tiros livres.

E Rey até conhece o Grêmio, ao menos de forma indireta. Em 1999, ele estava na zaga da seleção da Venezuela que enfrentou o Brasil na Copa América do Paraguai. Foi nele que Ronaldinho, então jogador do Grêmio, aplicou aquele balãozinho que terminou em um dos gols mais belos da Seleção. E que o consagrou como um dos maiores jogadores do futebol mundial.

Em gráfico, conheça o Caracas:
 

Quem é o Caracas
Veja quem são os titulares do Caracas, principal time da Venezuela
Renny Vega – É da seleção venezuelana. Chegou no ano passado ao clube. Tem 1m80cm, altura mediana para goleiro.
Romero – É lateral-direito, só ficou fora na decisão de sábado porque há a exigência de colocar dois jogadores sub-20.
Deivis Barone – Uruguaio, 29 anos e 1m84cm. Já passou por Nacional-URU, Colón-ARG e LIbertad-PAR.
José Manuel Rey – É chamado de ‘Super Rey”. Fez 34 anos na semana passada e é ídolo também da seleção venezuelana.
Gabriel Cichero – Lateral-esquerdo, veio do Deportivo Itália, rival na disputa do título. É da seleção.
Vera – Esteve na seleção com o técnico anterior, como capitão, cargo que também exerce no Caracas.
Piñango – Volante, 1m87cm e 83 quilos, lembra Magrão, do Inter.
Jesús Gómez – Meia, 1m68cm, jogou com Tcheco no Al-Ittihad e também passou pelo Raja Casablanca, do Marrocos.
Emilio Rentería – Atacante venezuelano, ganhou posição do titular mexicano Prieto, que atravessa má fase.
Rafael Castellín – Centroavante, veterano, tem 33 anos e nunca jogou fora do país. É quem faz os gols para o Caracas.
OLHO NELE!
Darío Figueroa Meia argentino, 31 anos, tudo passa por ele. É quem puxa os contra-ataques e acelera o time. Formado nas categorias de base do River Plate.
Noel Sanvicente
Aos 45 anos, busca o penta nacional pelo Caracas (o clube tem nove). Igualaria em conquistas a Walter Roque e a Orlando Fantoni, ele mesmo, o “Titio Fantoni”, que com cinco títulos nacionais são os maiores vencedores da história do futebol venezuelano.

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