| 18/05/2009 19h38min
A Organização Mundial da Saúde (OMS) insistiu nesta segunda, dia 18, com os ministros dos Estados-membros da entidade que ainda há razões para se preocupar com a gripe A (H1N1), embora muitos países tenham pedido ao organismo para que modifique o sistema de alerta com o objetivo de evitar pânico.
No primeiro dia da Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, houve a decisão de manter o nível de alerta em 5 de um total de 6.
Além disso, a diretora geral da OMS, Margaret Chan, lembrou que os vírus são imprevisíveis quando se referiu ao vírus H1N1, que já infectou 8,829 mil pessoas em 40 países, deixando 74 mortos, de acordo com os dados da organização.
Mesmo com o reconhecimento de que o sistema de alerta, criado há dois anos depois da crise da gripe aviária, foi efetivo para a adoção de medidas de contenção, foram muitos os pedidos para que a disseminação de um vírus pelo mundo não seja o fator primordial para a elevação do nível para 6.
Países como México, Reino Unido, Japão e China opinaram que a OMS deve ser flexível na declaração dos níveis de alerta e que é preciso levar em conta a gravidade da doença.
— As pessoas não entendem muito bem o que é a fase 4, 5 ou 6, e pensam que, se chegamos à 6, é porque as coisas vão muito mal — disse o ministro da Saúde mexicano, José Ángel Córdova, em entrevista coletiva.
Córdova pediu a criação um fundo para ajudar os países que notifiquem possíveis eventos de saúde pública de importância internacional, como uma maneira de incentivar a transparência e a cooperação em matéria sanitária.
Vários ministros, entre eles os dos países com mais casos da gripe, como Estados Unidos, México e Espanha, debateram em um painel especial sobre a situação criada pelos contágios e uma eventual elevação do nível de alerta.
Tudo isso diante das suspeitas de que no Japão, onde já há 130 casos da doença, pode existir uma transmissão estável dentro da população local, e não procedente de viagens para regiões infectadas.
Segundo o sistema de alerta, a fase 6 estabelece que o mundo vive uma pandemia e é declarada quando se verifica que esse tipo de transmissão de uma doença existe em pelo menos duas regiões da OMS - até agora, só está confirmada na América do Norte.
Os defensores da mudança do sistema acham que outros aspectos devem ser levados em conta, como a gravidade da doença, que até o momento tem sido baixa na maioria dos casos.
Em resposta, Margaret Chan disse que analisaria as propostas e que o alerta seria mantido em 5, ao mesmo tempo em que a OMS tratará de dar aos países informações sobre quais são os grupos de risco e que medidas podem ser adotadas para evitar contágios.
Por sua vez, o ministro mexicano, cujo país chegou a ficar estigmatizado por ser a suposta origem do vírus da gripe, ressaltou a total transparência e rapidez com que os casos foram informados.
— Fizemos isso sabendo que traria benefícios para o sistema de saúde mundial, mas conscientes de que a ideia de que o México foi o epicentro de uma pandemia poderia acarretar outras consequências negativas para o país e sua economia — contou Córdova.
Em entrevista coletiva, o ministro lembrou, no entanto, que a tipificação atual do vírus torna difícil saber se a cepa provém do México originalmente ou de outro país e disse que talvez nunca se saiba com certeza. Ele entregou nesta segunda, dia 18, à diretora geral da OMS as cepas e a sequência genética dos vírus isolados no país para que seja possível fazer pesquisas e produzir uma vacina.
Quanto às reservas de alguns países em desenvolvimento, que exigem em troca capacidade e tecnologia para produzir as vacinas, Córdova afirmou considerar que sua obrigação era a de liberar a informação. Entretanto, ele acrescentou que a vacina poderá ser produzida a baixos custos caso não haja uma patente específica.
AGÊNCIA EFEPerguntas e Respostas sobre a Gripe Suína (A - H1N1) |
Fonte: Organização Mundial da Saúde - OMS |
O que é influenza suína (A - H1N1)? |
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Influenza ou gripe suína é uma doença respiratória aguda altamente contagiosa de suínos, causada por um de vários vírus A da influenza suína. A morbidade tende a ser alta e a mortalidade baixa (1-4%). O vírus se dissemina entre os suínos através de aerossóis, contato direto e indireto e através de suínos portadores assintomáticos. Surtos em suínos ocorrem durante todo o ano, com maior incidência durante o outono e inverno em zonas temperadas. Muitos países vacinam rotineiramente as populações de suínos contra a influenza suína. Os vírus da influenza suína são geralmente do subtipo H1N1, mas outros subtipos também circulam em suínos (como H1N2, H3N1, H3N2). Os suínos também podem ser infectados pelos vírus da influenza aviária e por vírus sazonais da influenza humana, além dos vírus da influenza suína. Acredita-se que o vírus suíno H3N2 foi originalmente introduzido na população de suínos por seres humanos. Algumas vezes, os suínos podem ser simultaneamente infectados por mais de um tipo viral, o que pode permitir a combinação dos genes dos diferentes vírus, produzindo um vírus da influenza que contém genes de uma série de fontes, denominado vírus recombinado (reassortant virus). Embora os vírus da influenza suína sejam normalmente espécie-específicos e sejam apenas capazes de infectar suínos, algumas vezes cruzam a barreira entre espécies e causam doença em seres humanos. |
É seguro ingerir carne e produtos de origem suína? |
Sim. Não se demonstrou a transmissão da influenza suína a seres humanos através da ingestão de carne suína adequadamente manuseada e preparada ou de outros produtos de origem suína. O vírus da influenza suína é inativado por temperaturas de cozimento de 160°F/70°C, correspondentes às orientações gerais de preparo de carne suína e outros tipos de carnes. |
Quais são as implicações para a saúde humana? |
Existem relatos esporádicos de surtos e casos de infecção humana por vírus da influenza suína. Geralmente, os sintomas clínicos são semelhantes à influenza humana sazonal, mas os relatos descrevem desde infecção assintomática a pneumonia grave, resultando em morte. Uma vez que a manifestação clínica típica da infecção por vírus da influenza suína em seres humanos é semelhante à influenza humana sazonal e a outras infecções agudas do trato respiratório superior, a maior parte dos casos foi detectada ao acaso através da vigilância para influenza humana sazonal. Casos leves ou assintomáticos podem ter escapado à detecção; desta forma, não se conhece
a real extensão desta doença em seres humanos. |
Onde ocorreram os casos humanos? |
Desde a implementação da Regulamentação Internacional da Saúde (IHR - 2005), em 2007, a OMS recebeu notificações de casos de influenza suína dos Estados Unidos e da Espanha. |
Como as pessoas se infectam? |
As pessoas geralmente se infectam com influenza suína a partir de suínos infectados. Entretanto, em alguns dos casos humanos não houve comprovação de contato com suínos ou exposição a ambientes contendo suínos. A transmissão humano-a-humano ocorreu em alguns casos, mas foi limitada a pessoas próximas e grupos fechados. |
Que países foram afetados por surtos em suínos? |
Como a influenza suína não é uma doença de notificação compulsória às autoridades internacionais de saúde animal (OIE), não se conhece sua exata distribuição internacional em animais. A doença é considerada endêmica nos Estados Unidos. Surtos em suínos também já ocorreram na América do Norte, América do Sul, Europa (inclusive Reino Unido, Suécia e Itália), África (Quênia) e em regiões do leste da Ásia, como China e Japão. |
E quanto ao risco de pandemia? |
É provável que a maior parte das pessoas, especialmente as que não mantêm contato regular com suínos, não tenha imunidade aos vírus causadores da influenza suína, capaz de evitar a infecção. Caso um vírus suíno estabeleça uma transmissão eficiente humano-a-humano, poderá causar uma pandemia de influenza. O impacto de uma pandemia causada por um vírus suíno é difícil de prever: depende da virulência do vírus, do grau existente de imunidade na população humana, proteção cruzada conferida por anticorpos adquiridos contra a influenza sazonal humana e fatores relacionados ao hospedeiro. |
Existe uma vacina humana que confere proteção contra a influenza suína? |
Não existem vacinas humanas que contenham vírus suíno que está causando doença em seres humanos. Não se sabe se as vacinas contra a influenza sazonal humana são capazes de conferir proteção. Como os vírus da influenza mudam muito rapidamente, é importante desenvolver uma vacina contra as cepas de vírus atualmente circulantes para conferir máxima proteção à população vacinada. Esta é a razão pela qual a OMS deve ter acesso ao maior número possível de vírus para que seja selecionado o vírus candidato mais apropriado para a produção da vacina. |
Quais drogas existem para o tratamento? |
Em alguns países existem drogas
antivirais para a influenza sazonal humana e que são eficazes para a prevenção e tratamento da doença. Existem duas classes destes medicamentos: 1) derivados do adamantane (amantadina e rimantadina) e 2) inibidores da neuraminidase da influenza (oseltamivir e zanamivir). Na maior parte dos casos anteriormente relatados de influenza suína, os pacientes se recuperaram plenamente da doença sem necessidade de tratamento médico e sem medicamentos antivirais. Alguns vírus da influenza desenvolvem resistência aos medicamentos antivirais, limitando a eficácia da quimioprofilaxia e tratamento. Os vírus obtidos de casos humanos recentes por influenza suína nos Estados Unidos se mostraram sensíveis a oseltamivir e zanamivir, mas eram resistentes a amantadina e rimantadina. As informações ainda são insuficientes para justificar recomendações de uso de antivirais para a prevenção e tratamento da infecção por vírus da influenza suína. Os clínicos devem tomar decisões em base de avaliações clínicas e epidemiológicas e considerar potenciais prejuízos e benefícios da profilaxia/tratamento do paciente. Para o atual surto de infecção por vírus da influenza suína nos Estados Unidos e México, as autoridades nacionais e locais estão recomendando o uso de oseltamivir ou zanamivir para tratamento e prevenção da doença em base do perfil de suscetibilidade do vírus. |