| 19/04/2009 20h27min
Quando ele pegou o microfone, uma plateia formada por alguns dos maiores empresários do país, parlamentares e celebridades, silenciou. Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles se preparava para fazer um balanço da crise, mas foi além. Rompendo a tradicional discrição, afirmou que os juros ainda estão altos e que precisam cair. Empolgado, Meirelles foi ainda mais longe: segundo ele, o Brasil sairá fortalecido da crise.
— Se precisar, ainda vamos tomar novas medidas porque o spread está alto e precisa cair muito mais — reforçou.
O discurso deu o tom da oitava edição do Fórum Empresarial que ocorre até amanhã, em Comandatuba (BA). Reunindo 320 empresários, 10 governadores, parlamentares e artistas de cinema e televisão, o evento neste ano discute Sustentabilidade Econômica e Ambiental. A crise financeira e as projeções para o segundo semestre, no entanto, não saem da cabeça das principais lideranças que lotam o resort baiano, sede do evento. Pelos
corredores do hotel, nas quadras de
tênis e à beira da praia, executivos de empresas como TAM, Gerdau, Nestlé e TIM misturam momentos de descontração com constantes conversas sobre os rumos da economia.
— O PIB está todo aqui dentro — brincava um banqueiro no sábado, a caminho do jantar, seguido de um show de Ivan Lins.
São lideranças que resumem a situação econômica do país. Enquanto Meirelles alertava para o risco de otimismos exagerados, o presidente do conselho de administração da Sadia, o ex-ministro Luiz Fernando Furlan, comentava na sala ao lado que até junho os acionistas da empresa devem avaliar um plano de capitalização da empresa. Atingida pela queda das bolsas, a Sadia já fez cortes de pessoal, amarga prejuízos e não descarta nem mesmo uma fusão com a concorrente Perdigão.
— É uma costura bastante difícil — reconhece Furlan.
Na mesa dos convidados, empresários como o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fábio Barbosa, na Nestlé,
Ivan Zurita, e do Grupo RBS, Nelson Sirotsky,
participavam do debate. Mas foi o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, que encaminhou a questão mais espinhosa da manhã. Ao contrário das indústrias, ele queria saber por que o governo optou pela redução do IPI como política de combate à crise. A diminuição do imposto afeta os cofres de Estados e municípios. Em sintonia, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, adiantou que na próxima semana representantes dos Estados voltam a se encontrar em Brasília, quando apresentarão ao governo federal propostas para a recuperação dos repasses.
— Precisamos de medidas práticas para compensar as perdas — reclamava Yeda, que aproveitou para uma conversa ao pé-do-ouvido com o ministro da Articulação Política, José Múcio.
Articulações que continuaram ao longo do dia. Logo depois da palestra, foi a vez de o presidente da Febraban e de Meirelles conversarem em particular. Quem olhava de longe, apostava o assunto: as taxas de juros.
Mais
tarde, uma cerimônia marcou a
entrega do Prêmio Lide (Grupo de Líderes Empresariais) 2009. Roberto Lima, presidente da Vivo, foi apontado como empresário do ano e Nelson Sirotsky, presidente do Grupo RBS, foi o premiado na categoria Personalidade de Comunicação.
Até esta terça, líderes empresariais e políticos debatem sustentabilidade econômica e ambiental na Bahia
Foto:
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