| 31/03/2009 16h05min
Os produtores rurais deverão contar com mais recursos para o financiamento da safra agrícola de 2009/2010, conforme afirmaram representantes do Banco Central e do Banco do Brasil, em audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). No entanto, a expansão da produção de alimentos visando à exportação foi desaconselhada pelo professor Guilherme Dias, da Universidade de São Paulo, que no debate representou a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
Para o professor, o setor deve ser cauteloso frente às incertezas geradas pela crise financeira internacional. De acordo com dados apresentados por Guilherme Dias, tem sido acentuada a queda da atividade econômica nos países compradores de produtos agrícolas brasileiros, o que significa redução de renda e de consumo, com consequente queda de demanda por alimentos.
– Nesse cenário, não tem sentido o Brasil aumentar a oferta, principalmente dos produtos de exportação. Não há nada que indique que devemos nos aventurar a produzir mais. Ao contrário, todo esse cenário mostra que devemos ser extremamente cautelosos, manter a oferta de alimentos para o mercado interno, mas oferecer menos para o mercado externo – disse o especialista.
De acordo com Guilherme Dias, o aumento do endividamento dos produtores e o risco de queda na demanda externa de alimentos podem resultar em estagnação do agronegócio brasileiro. O alerta foi feito após Antonio Gustavo Matos do Vale, diretor de Liquidações e Desestatização do Banco Central, anunciar a disposição do governo federal de aumentar o volume de crédito direcionado à agricultura.
Na safra atual, que vai de julho de 2008 a julho de 2009, foram disponibilizados R$ 65 bilhões para a agricultura patronal e R$ 13 bilhões para a agricultura familiar, montante que deverá ampliado no próximo plantio.
Para viabilizar os recursos, explicou diretor do Branco Central, o governo elevou a taxa de exigibilidade bancária (percentual que os bancos são obrigados a investir em crédito rural) de 25% para 30% para depósitos a vista, e de 65% para 70% para depósitos de poupança.
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