| 25/02/2009 16h54min
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, descartou nesta quarta-feira a possibilidade de estatização de bancos norte-americanos pelo governo dos EUA. Bernanke definiu estatização como o governo assumindo 100% do controle de uma empresa.
— Não acredito que desejemos fazê-lo. Não penso que precisaremos disso — afirmou, durante sessão de perguntas e respostas de seu depoimento ao Comitê de Serviços Bancários da Câmara dos EUA.
Bernanke afirmou que as autoridades federais já têm instrumentos para ajudar os bancos norte-americanos que precisam de capital adicional e minimizou as especulações que circulam nos mercados sobre eventual necessidade de estatização dos bancos.
— Não há qualquer necessidade de uma mudança radical, ao invés disso, podemos usar os instrumentos que temos para assegurar que estes bancos se comportem de modo que seja bom para os negócios, em termos de viabilidade de longo prazo e, ao
mesmo tempo, sustente a economia em
termos da manutenção dos níveis de empréstimo — afirmou.
Ele observou que o objetivo da administração do presidente dos EUA, Barack Obama, com a reformulação do plano de resgate financeiro é assegurar que os 20 maiores bancos norte-americanos têm um volume suficiente de capital de elevada qualidade para atender as necessidades de seus clientes — mesmo em um cenário de enfraquecimento econômico.
— Os bancos que precisarem de recursos adicionais terão seis meses para levantar capital privado e se não conseguirem fazê-lo, o governo irá adquirir ações preferenciais (PN) conversíveis de tais instituições — disse.
Adicionalmente, tais ações poderão ser convertidas em ações ordinárias (ON) para manter os bancos bem capitalizados. O presidente do Fed disse que não considera uma possibilidade a estatização do banco norte-americano Citigroup.
— Pode ser que o governo tenha de assumir uma participação minoritária substancial no Citigroup e
em outros bancos, mas, novamente, nós temos os
instrumentos para assegurar que obtenhamos os bons resultados que desejamos em termos de melhora de desempenho, sem os feitos negativos do processo de concordata ou tomada de controle, o que seria prejudicial aos mercados — disse.
Ele afirmou também que os pequenos bancos estão em boas condições, muitos bem capitalizados e saudáveis. Bernanke alertou que os "enormes problemas" do mercado imobiliário poderão levar os preços dos imóveis para níveis muito reduzidos e disse que os desafios enfrentados pelo mercado hipotecário combinados ao enorme estoque de imóveis "poderão nos colocar diante do risco real de levar o mercado imobiliário para muito abaixo dos fundamentos".
Hoje, a Associação Nacional dos Corretores de Imóveis norte-americana informou que as vendas de imóveis usados nos EUA caíram 5,3% em janeiro para a média anual de 4,49 milhões, a menor desde julho de 1997. O preço médio dos imóveis caiu 14,8% no mês passado, para US$ 170,3 mil, no menor nível desde
março de 2003.