| 22/02/2009 16h30min
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou neste final de semana que o plano de estímulo de US$ 787 bilhões aprovado no Congresso é apenas "o primeiro passo" no árduo caminho rumo à recuperação econômica do país, um tema que dominará sua agenda política durante a próxima semana.
O "caminho que temos pela frente é longo e está cheio de perigos", disse Obama durante o discurso emitido aos sábados por rádio e internet. Além disso, o líder admitiu que um desafio paralelo do governo é controlar a "explosão" do déficit fiscal.
O plano de estímulo promulgado na semana passada é o "mais profundo da história", mas "é apenas o primeiro passo no caminho para a recuperação econômica", afirmou Obama.
– E não podemos deixar de ir até o final deste caminho – ressaltou o presidente, que completou um mês no poder.
Para ele, o percurso é cheio de desafios, pois os Estados Unidos enfrentam, simultaneamente, uma crise imobiliária, um sistema bancário que exige estabilização, a necessidade de flexibilizar o crédito a consumidores e negócios, e a urgência de rever as regras que regem o setor financeiro.
Diante desse panorama sombrio, o líder americano advertiu de que nenhum elemento do plano de estímulo poderá, sozinho, responder a todos os problemas herdados por seu governo, mas todas as medidas adotadas caminham de mãos dadas.
O plano aprovado pelo Congresso no dia 13 de fevereiro em meio a duras disputas partidárias tem como objetivo criar ou preservar 3,5 milhões de empregos nos próximos dois anos, e inclui cortes de impostos, ajudas aos governos locais e estaduais, além de fundos para a infraestrutura e para programas sociais.
A maioria dos analistas considera que, apesar de se tratar da segunda maior intervenção do governo na economia desde a Segunda Guerra Mundial, a recuperação econômica só começará a ser sentida no final do ano.
Isso se deve à forte crise pela qual passa o setor imobiliário, à instabilidade do mercado financeiro e à contínua perda de empregos, o que, por sua vez, afetou o consumo. Nesse sentido, Obama ordenou ao Departamento do Tesouro que comece a reduzir os impostos de 95% das famílias, com o propósito de estimular o consumo, responsável por mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) americano.
Com esta ordem, uma família média receberá US$ 65 adicionais no contracheque a partir de 1º de abril, assegurou. Em virtude do plano de estímulo, os indivíduos serão beneficiados com um corte tributário de até US$ 400, enquanto para os casais a redução pode alcançar US$ 800, dependendo da renda.
Consciente das críticas ao plano, Obama ressaltou que outra tarefa de sua administração será resgatar a saúde fiscal do país, que, por enquanto, sofre com um déficit de US$ 1 trilhão. Em resposta aos planos do presidente, o legislador republicano Dave Camp, que faz parte da Comissão de Meios e Arbítrios da Câmara de Representantes, disse que, apesar de ser verdade que as famílias e negócios americanos "estão sofrendo", também não é possível sair do buraco com dinheiro emprestado.
Ele reiterou a queixa da bancada republicana de que os democratas impuseram sua vontade com um plano de estímulo cujo custo global, em sua opinião, superará o US$ 1,1 trilhão. O valor não inclui a quantia destinada a ajudar os bancos e os donos de imóveis que enfrentam o risco de embargo, ressaltou Camp.