Produtores de vinho querem dar uma nova imagem para a bebida brasileira. A mudança faz parte de um reposicionamento que visa aumentar o consumo.

Em um museu dentro de uma vinícola em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, os tanques do início do século passado servem para mostrar como era a produção na região. A fabricação artesanal dos vinhos feita pelos imigrantes italianos ainda está no imaginário dos consumidores.

– Pessoas esclarecidas perguntam se o vinho ainda é esmagado com os pés. Os conceitos mudaram muito e nós investimos bastante para modernizar a produção e sermos produtivos – afirma o diretor comercial da vinícola, Daniel Salton.

Hoje os fabricantes utilizam toda a tecnologia disponível para elaborar os vinhos finos chamados top de linha.

– O brasileiro valoriza muito o estrangeiro, coisa que os outros não fazem. Mas acho que a tendência é mudar. Muita gente está começando a acreditar no vinho brasileiro – diz o enólogo Lucindo Codat.

O Rio Grande do Sul é o Estado onde mais se bebe vinho no país. São 3,4 litros per capita a cada ano, quase o dobro da média nacional, mas ainda distante dos 20 litros consumidos no Uruguai e dos 30 litros que o argentino consome anualmente.

Os produtores de vinho têm uma meta ousada pela frente: esperam aumentar o consumo per capita no país para nove litros até 2025. O crescimento vai depender, principalmente, da mudança de imagem.

É por isso que o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) vai fazer uma campanha para dar um novo posicionamento de mercado ao produto tanto no Brasil quanto para o Exterior.

– Estamos falando não do que se encontra dentro da garrafa, e sim da circulação do produto – explica o gerente de marketing do Ibravin. Diego Bertolini.

O vitivinicultor Daniel Geisse trabalha de olho nas mudanças. A vinícola do pai dele foi fundada no final da década de 70, quando o vinho brasileiro ainda buscava o caminho da qualidade. Agora, ele acha que o produto tem tudo para agradar ao consumidor.

– O trabalho de especificação do lugar certo para o plantio e de escolha da variedade correta nos vinhedos é o que faz a diferença no mundo do vinho, e isso tem se conseguido fazer nos últimos anos aqui nessa região de forma brilhante.