| 16/02/2009 12h44min
Em janeiro, os preços internos e externos do milho tiveram expressivas altas, segundo pesquisas do Cepea. No Brasil, os impactos da estiagem na América do Sul, em especial nas lavouras do Sul do país, a retração produtora e o aumento das exportações no final de 2008 e início de 2009 enxugaram a oferta interna do grão, elevando as cotações. No mercado internacional, a valorização do petróleo no início de janeiro sustentou os preços da soja e, consequentemente, do milho.
O Indicador Esalq/BM&FBovespa (região de Campinas – SP) subiu 11,43% no acumulado de janeiro. A média mensal foi 14,1% superior à de dez/08, a maior variação positiva desde outubro para novembro de 2007, que foi de 15,9%. Aquele era um momento de baixos estoques e valorização externa das cotações.
Na BM&FBovespa, o contrato Março/09 caiu 3,4% e o Maio/09, 3,8 %, no acumulado do mês. Na bolsa de Chicago (CBOT), o primeiro vencimento teve queda de 6,9% no mesmo período. Ainda assim, a média mensal foi de US$ 153,91/t, 7,9% maior que a de dez/08.
De acordo com o Cepea, o clima foi preocupante desde o oeste de São Paulo, sul de Mato Grosso do Sul, passando pelas regiões oeste, norte e sudoeste do Paraná e chegando ao oeste e noroeste do Rio Grande do Sul. A redução de produtividade foi expressiva nestas regiões. Apesar de ter chovido em boa parte dessas regiões na segunda quinzena do mês, essas foram esparsas e insuficientes para recuperar perdas já consolidadas.
Dados da Seab/Deral divulgados no final do mês mostraram que a colheita do milho, anteriormente prevista em 8,7 milhões de toneladas, não deve passar de 6 milhões na safra de verão, ou seja, a redução deve superar os 38% no estado, que é o maior produtor nacional do grão. Todas as principais regiões devem sofrer perda de produção, de até 58% em Francisco Beltrão.
Para o Rio Grande do Sul, a Emater aponta queda de 16,2% na produtividade média do Estado – a redução chegaria a 50,4% na região de Santa Rosa e a 27,9% em Passo Fundo.
No cenário internacional, estimativas do USDA sobre a produção mundial da safra 2008/09 foi maior em janeiro em relação ao relatório anterior, para 791,04 milhões de toneladas – praticamente igual a 2007/08 – enquanto o consumo foi reduzido, para 783,22 milhões de toneladas – 1,4% maior que o de 2007/08. As transações mundiais foram estimadas em 77,93 milhões de toneladas, 18,9% a menos que na temporada anterior. Os estoques ficaram acima do esperado, com elevação de 6,1% sobre a safra anterior – em dezembro, era estimada baixa de 3,4%.
Mesmo assim, as condições internacionais parecem ser positivas para vendedores brasileiros. Isso porque as exportações dos Estados Unidos (maior exportador mundial) e da Argentina (segundo maior exportador) devem diminuir na safra 2008/09; nos EUA, devido ao maior consumo interno – apesar da taxa de crescimento ter estabilizado nos últimos meses – e na Argentina, ao menor excedente, com queda na produção estimada em 20,9%.
Em janeiro, as exportações
brasileiras de milho somaram 1,33 milhão de toneladas, recorde histórico para o mês. O preço médio da tonelada exportada, porém, foi de US$ 176,48, o menor desde set/07. Mesmo assim, esse valor continua acima da média entre jan/01 e jan/09, período em que o Brasil passou a ter maior presença no mercado externo, que é de US$ 148,44/t.