| 20/01/2009 19h21min
O maior protecionismo dos democratas é um mito e não se deve esperar o fechamento do mercado norte-americano no governo de Barack Obama, assegurou nesta terça, dia 20, Roberto Abdenur, que comandou a Embaixada do Brasil em Washington de 2004 a 2007.
– Não vamos ver movimento em matéria de abertura de mercados, mas também não acho que haverá fechamento – afirmou.
Isso porque, de acordo com Abdenur, a economia norte-americana depende do intercâmbio comercial com outros países.
– Não acho que os Estados Unidos, mesmo com toda a gravidade desta crise, vão virar uma fortaleza e fechar-se ante ao comércio internacional porque é de seu próprio interesse trazer produtos mais baratos de fora e porque só vão superar essa crise no médio e longo prazo passando a exportar mais do que importam – disse o ex-embaixador.
Abdenur acredita que o momento nos Estados Unidos, em razão da crise, é de “parada para arrumação de questões comerciais”. Mas aposta, inclusive, na retomada da Rodada Doha dentro de uns dois anos.
O embaixador alerta, no entanto, para um trunfo que o Brasil terá nos próximos meses e que, em vez de beneficiar, poderá criar arestas na relação comercial com os Estados Unidos. A organização Mundial do Comércio deverá, finalmente conceder ao Brasil direito de retaliação no caso dos subsídios concedidos pelo governo americano aos produtores de algodão. A regra, segundo Abdenur, vale para qualquer contencioso comercial entre Brasil e Estados Unidos.
– Nesse momento importantíssimo de transição nos Estados Unidos, de mudança para melhor nas suas posturas internacionais, com imensas possibilidades de progresso na relação entre os dois países, temos que evitar aplicar sanções. Em particular, evitar aplicar sanções na área de propriedade intelectual porque esse é um tema politicamente muito sensível nos EUA – disse.
De acordo com o embaixador, o Brasil não deve adotar esse tipo de postura seria “um tiro no pé”, que atrapalharia também a relação comercial com outros países.
– É importante que na área de política comercial e de política externa não precipitemos essas ações que, embora tenhamos o direito de fazer, possam ter conseqüências negativas e conturbar um panorama que hoje é de céu de brigadeiro nas relações bilaterais – comparou.
AGÊNCIA BRASIL