| 20/01/2009 11h10min
Cafeicultores aguardam para esta semana uma definição do governo sobre a renegociação das dívidas do setor. Algumas divergências, como custo de produção, acabaram adiando a solução do problema.
As reuniões entre cafeicultores e governo começaram no início de janeiro. O setor produtivo quer renegociar dívidas do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) vencidas no fim de 2008 e as que estão por vencer este ano. O total devido chegaria a R$ 3 bilhões. O pedido é para que o valor seja pago em sacas de café com prazo de 20 anos.
– A cafeicultura está numa situação difícil. Todos nós [produtores] devemos mais do que podemos pagar no curto prazo e precisamos de um rearranjo nas dívidas para poder pagá-las. Engana-se quem diz que nós não queremos pagar. Nós queremos é poder pagar – diz Luiz Hafers, que produz café no Paraná.
A falta de renda do setor cafeeiro não é de hoje. Nos últimos cinco anos o custo de produção dobrou, enquanto o
preço recebido pelo produtor se manteve
estável.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima o custo em R$ 240 a saca, mas produtores alegam que na última safra gastaram R$ 350 para produzir uma saca de café, que é vendida hoje por R$ 270.
Os cafeicultores exigem que o preço seja estabelecido em pelo menos R$ 320. A proposta do governo é de R$ 300. Enquanto a decisão, que depende do Ministério da Fazenda, não sai, outro assunto também provoca polêmica: os produtores de café querem a realização de um leilão de opções públicas de três milhões de sacas com recursos de R$ 1 bilhão. A Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic) discorda da proposta temendo que falte produto tanto para exportação quanto para o consumo interno, já que a safra deste ano será 20% menor que a última.
– Os preços do café para o produtor, principalmente agora com o câmbio melhor devem neste ano e também em 2010 ficar nos níveis que estão ou melhorar. Essa é a tendência real. Os preços do café não vão diminuir.
Não há, portanto, razão para
se retirar produto do mercado na tentativa de que os preços subam mais ainda – afirma o diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz.