| 02/01/2009 10h58min
Sem condições de controlar a variação no clima, os produtores rurais gaúchos tratam de aplicar corretamente as técnicas de manejo em lavouras e pastagens para garantir lucros com chuvas normais e reduzir prejuízos em períodos de seca.
O agricultor Édio Quaini garante que nada substitui a chuva na hora certa para garantir a produtividade de sua lavoura em Cruz Alta, no noroeste do Rio Grande do Sul, mas faz o possível para que o solo esteja preparado para resistir a períodos sem precipitações.
O plantio direto, a rotação de culturas, o uso de coberturas no inverno, o cuidado para não colocar muitos animais na área de pastagem e garantir sombra ao gado são aliados dos agropecuaristas para contornar a estiagem que vem assolando o Estado. Implantado a partir da década de 1970 em solo gaúcho, o plantio direto é uma das ações mais benéficas para a lavoura. Conforme o gerente técnico da Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto (Cooplantio), Dirceu Gassen, a semeadura feita sobre a palha da colheita anterior dá à plantação nutrientes que contribuem no desenvolvimento do produto cultivado.
– Outro aspecto interessante é que a palha protege contra as altas temperaturas do verão. Enquanto em lavouras com a terra exposta a temperatura do solo atinge até 70°C, nas áreas protegidas com a palha acaba ficando entre 28°C e 35°C. Isso faz com que a evaporação seja menor nas áreas em que é feito o plantio direto – enfatiza Gassen.
Produtor adota atenção constante
A rotação de cultura também auxilia a usar melhor a água da chuva. Ao se cultivar plantas com raízes profundas, como milho ou nabo forrageiro, a área fica com canais na terra que facilitam o armazenamento da água. Além disso, as culturas plantadas na sequência, como a soja, são favorecidas com melhor desenvolvimento de suas raízes, o que garante mais força para a planta resistir a períodos de estiagem.
Quaini começou a utilizar o plantio direto na lavoura na década de 80. Além disso, procura sempre fazer a rotação nos seus 560 hectares. Na atual safra, o agricultor planta 530 hectares de soja e 30 de milho. No inverno, toda a área é coberta com trigo, aveia, azevém e, às vezes, nabo forrageiro.
– Com mais matéria orgânica no solo, a soja aproveita melhor o adubo – disse Quaini.
Mesmo com a falta de chuva prejudicando um pouco a área foliar da planta, o produtor diz que a soja está se desenvolvendo de maneira adequada. A expectativa é colher 55 sacas de 60 quilos por hectare. Para que isso seja possível, o monitoramento na lavoura é constante, evitando perdas com pragas e doenças que possam aparecer.
– Se queremos ter produção, precisamos manter atenção constante com todos os detalhes da plantação – destaca o agricultor.
Sombra e manejo adequado são proteção para os animais
Assim como nas lavouras, a atividade pecuária precisa de cuidado constante. Conforme o professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) José Fernando Piva Lobato, o Estado tem um histórico de falta de água no verão. Por isso, os pecuaristas precisam deixar a população de animais em número compatível com a alimentação disponível.
O assistente técnico em bovinos de leite da Emater Breno Kirchof lembra que os produtores podem cuidar ainda para que os animais sofram menos com o calor. Nas horas mais quentes do dia, as vacas podem ficar no galpão, com água e alimentos disponíveis. Outra opção é deixar os animais à sombra em áreas de mato.
ZERO HORA