| 05/12/2008 09h02min
O preço da gasolina no Brasil já está 38,6% acima do praticado no mercado internacional, segundo cálculo da consultoria Tendências. No caso do diesel, a diferença é de 30,7%. O consumidor reclama, mas a Petrobras alega que não aumentou os preços quando o barril do petróleo ultrapassou US$ 100 e por isso manteve os valores agora, apesar do barril custar US$ 50.
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) chegou a afirmar que, com a queda no preço do barril de petróleo, os preços dos combustíveis derivados deverão ter uma "acomodação para baixo". Mas disse que o governo acompanha as variações antes de tomar qualquer decisão.
– Eu acredito que nós vamos ter uma modificação nos próximos meses se forem mantidas as tendências do preço do petróleo. Vai haver, a partir do momento que estabilizar o preço, uma acomodação para baixo – garantiu.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Litoral Catarinense e Região (Sincombustíveis), Algenor Costa, lamentou a falta de transparência da política de preços da Petrobras. Segundo ele, nos Estados Unidos, quando baixa o preço do barril, o preço da gasolina cai. Quando o valor do óleo sobe, o dos combustíveis acompanha a alta.
– Aqui, a Petrobras argumenta que, para não pressionar a inflação, não elevou o preço quando o barril disparou e agora está recuperando as perdas que teve. Mas a verdade é que o cálculo que a companhia faz é uma caixa preta. É preciso, também, considerar a questão cambial, uma vez que, quando o barril custava mais de US$ 100, o dólar no Brasil estava em queda – ressaltou.
Para o consumidor, o preço da gasolina deveria cair no Brasil como está ocorrendo no resto do mundo. A arquiteta Sheila Vieira, que nessa quinta, dia 4, abastecia seu carro num posto de Coqueiros, em Florianópolis, disse acreditar que o governo mantém o preço alto para gerar mais impostos.
– Os impostos da gasolina financiam os gastos públicos – explicou a arquiteta.
Segundo especialistas, agora, com o petróleo em torno dos US$ 50 por barril, aumenta a pressão por redução nos preços internos. Quando foram feitos os últimos reajustes, em maio, o petróleo estava cotado a US$ 110 por barril. A queda do petróleo, porém, é parcialmente compensada pela alta do dólar no período. No início de maio, a moeda norte-americana era cotada a R$ 1,65. Nessa quinta, dia 4, fechou em R$ 2,50.
DIÁRIO CATARINENSE