A nove rodadas do final do Brasileirão, as suspensões de Léo, por 120 dias, Morales, por oito jogos, e Réver, por três partidas, no STJD, transformaram a campanha do Grêmio no Brasileirão numa cruzada. Revoltada e alegando perseguição do tribunal, a direção promete recorrer ainda hoje com pedido de efeito suspensivo.

Os advogados do Grêmio Gustavo Pinheiro e José Mauro do Couto ingressarão com o recurso junto à presidência do STJD. Virgílio Vall, que ocupa o cargo interinamente, devido ao afastamento por doença do titular, Rubens Approbato Machado, é conhecido por aceitar efeitos suspensivos no tribunal. Caso haja deferimento, os jogadores estão livres para atuar contra a Portuguesa, no próximo domingo, em São Paulo.

Confira os lances que provocaram as expulsões:

Irritado com a decisão, o presidente Paulo Odone disse que a situação lembra o Brasileirão de 2005. Naquele ano, o tribunal comandado por Luiz Zveiter anulou 11 jogos supostamente alterados pelo árbitro Edílson Pereira da Silva, o que acabou tirando o Inter da liderança do campeonato e beneficiando o Corinthians.

– É preconceito contra os clubes gaúchos. Foi uma decisão violenta, unilateral e persecutória. Agora temos dois jogadores excluídos do Brasileiro. Essa comissão julga com ódio do Grêmio. Querem nos tirar o título no tapetão – protestou.

Por volta das 18h30min, ZH telefonou para o zagueiro Léo. Ele não sabia da condenação. Ficou perplexo.

– Cara, isso é sério? Cento e vinte dias? Não acredito. É sério? Isso é injusto, é muito injusto... – disse antes de desligar o celular.

Ao contrário de Léo, o vice de futebol André Krieger não parecia surpreso. Disse que tinha um “cutuco” de que algo ruim poderia acontecer no julgamento.

– O Grêmio vem sendo prejudicado pelo tribunal há tempo. O STJD está a serviço daqueles clubes que disputam o título com o Grêmio – esbravejou Krieger. – Mas o tribunal será o combustível que nos faltava para a nossa arrancada. Não vão nos derrubar no canetaço.

Mais calmo, após quase duas horas de batalha com os auditores do STJD, o diretor jurídico do Grêmio, Gustavo Pinheiro, considerou imprevisíveis as chances de sucesso no recurso. Mas lembrou que o Pleno – com auditores mais experientes – não tem revisto os casos em que as punições se dão com base em provas de vídeo – como ocorreu com Léo, Morales e Réver.

– Jamais vi um julgamento tão rigoroso como esse. Houve desproporcionalidade em relação aos atos do jogo – lamentou.

Também ontem Carlos Alberto, por oito jogos, e Jorge Henrique, por 120 dias, foram suspensos.

A Terceira Comissão que condenou os atletas por unanimidade é formada pelo presidente Mário Dantas de Oliveira, do Rio, e pelos auditores José Teixeira Fernandes, do Rio, Raphael Reimol Domech, de São Paulo, Nicolau Constantino Filho, de São Paulo, e Giseli Amantino, do Paraná.

Na segunda-feira, Tcheco havia sido suspenso por três jogos devido à expulsão no Gre-Nal. Na semana, são quatro jogadores suspensos no Olímpico: um total de 14 jogos e 120 dias.

Próximos passos

O que será alegado no pedido de efeito suspensivo do Grêmio:

Léo — Será sustentado “vício de forma” na denúncia, ou seja, uma denúncia malfeita pela procuradoria. O procurador Paulo Salomão relatou que Léo deu um cotovelaço no atacante Jorge Henrique do Botafogo. Porém, na súmula do jogo – e na prova de vídeo – está referido um chute. Assim, a denúncia seria nula, bem como o julgamento.

Morales – Será dito que o jogador foi denunciado através de prova de vídeo, algo que vem desagradando ao Pleno do Tribunal. Salomão pediu agravamento de pena na denúncia, pois entendeu que o uruguaio fez falta dura no lateral Alessandro, do Botafogo, além de agarrar a genitália do jogador carioca.

Réver — Os advogados do Grêmio também alegarão que a prova de vídeo não deve ser utilizada para julgamentos posteriores. Réver trocou empurrões com o meia Carlos Alberto, do Botafogo, depois que o jogador carioca apalpou suas nádegas.

Recurso – Ainda hoje, o presidente interino do STJD, Virgílio Vall, poderá analisar o pedido de efeito suspensivo encaminhado pelo Grêmio. Caso haja deferimento, os jogadores estarão livres para atuar até o julgamento no Pleno, que deverá ocorrer no dia 30. Se o pedido for indeferido, Léo, Morales e Réver cumprirão suas penas até análise do Pleno.