| 02/10/2008 09h02min
Uma das vítimas da crise financeira que abalou a economia norte-americana é a alagoana Maria Cavalcanti, que mora nos Estados Unidos há 13 anos. Ela conta que financiou a compra de uma casa no Estado de New Jersey, mas depois não conseguiu pagar e acabou perdendo o imóvel, com um prejuízo de US$ 150 mil.
– Eles dão para você uma hipoteca, mas quando você recebe os papéis, vem o dobro do que você tem que pagar – afirma.
Ela também reclama que, na hora da compra, as condições não são bem explicadas.
– O contrato de compra da casa é muito grande, não dá para ler tudo. E eles chamam advogados americanos, que não explicam direito, e você assina aqui, assina ali, não sabe o que está acontecendo – diz.
Maria calcula que vai levar cerca de sete anos para se restabelecer financeiramente e poder comprar outra casa.
Em frente ao consulado do Brasil em Nova York, a carioca Antuérpia Regina Castro distribui panfletos de uma loja de fotocópias e fotografias para documentos. Com uma bandeira do Brasil na mão, ela chama a atenção de quem passa cantarolando trechos da música Garota de Ipanema.
Regina era tradutora jurídica no Rio de Janeiro, mas largou tudo em 1994 para tentar a vida nos Estados Unidos. Já trabalhou como babá, na construção civil e em um salão de beleza. Ela acha que valeu a pena, porque no Brasil, apesar de sua formação, não encontrava mais espaço no mercado de trabalho.
– Por mais que o mercado de trabalho no Brasil esteja bom, ele nunca vai estar bom para uma mulher de cor, com 49 nos de idade como eu – explica.
Agora, ela já sente os efeitos da crise financeira e pensa em deixar os Estados Unidos, mas não deverá morar novamente no Brasil, mas em um país da Europa.
– Aqui não estou conseguindo economizar nada. Tudo o que eu ganho é para gastos, compras – diz.
Regina conta que nunca tinha visto tantos estrangeiros voltando para os seus países como agora e lembra que a situação é ainda pior para quem não está regularizado nos Estados Unidos.
O paranaense Carlos Lima é gerente de um dos inúmeros restaurantes brasileiros que ficam na rua conhecida como Little Brazil. Segundo ele, o movimento no estabelecimento caiu cerca de 15% por causa da crise, percentual que considera baixo em relação à gravidade do problema que o país está enfrentando.
– Com crise ou não, o povo ainda precisa comer – explica.
Ele diz que ainda não pensa em voltar para o Brasil, mas muitos dos seus amigos já falam em retornar ao país caso a crise fique ainda mais grave. O gerente está nos Estados Unidos há 14 anos e acha que o país oferece melhores condições de vida e de trabalho.
AGÊNCIA BRASIL