| 01/10/2008 17h31min
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta, dia 1º, que o governo não planeja um pacote de medidas para enfrentar a crise financeira internacional. Segundo o ministro, são necessárias medidas específicas. Entre elas, Mantega anunciou a antecipação de R$ 5 bilhões para a agricultura, que estão sendo liberados pelo Banco do Brasil. O governo acredita que o valor deve resolver o problema, tendo em vista as dificuldades de crédito para o setor.
– O banco antecipou o cronograma e está liberando mais crédito, remanejando recursos de alguns fundos para dar mais crédito para a agricultura – afirmou Mantega.
O ministro disse ainda que, apesar de crescer menos em 2009, por causa do desaquecimento da economia mundial e dos reflexos das recentes altas de juros pelo Banco Central, a economia brasileira continuará em expansão sustentável. Ele rechaçou as alegações de especialistas de que a economia cresceria apenas 2% no próximo ano.
– Se ficarmos com os braços cruzados e não tomarmos nenhuma providência, a economia crescerá pelo menos 2,5% apenas com o impulso de 2008 para 2009 – avaliou.
Na reunião da Coordenação Política do governo, o ministro enumerou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva as providências para conter as restrições de crédito para determinados segmentos da economia brasileira. Mantega, no entanto, negou a elaboração de qualquer pacote.
– O governo não está de braços cruzados. A determinação do presidente é que vamos dar sustentação para todos os investimentos. Quem precisa de pacote são os Estados Unidos. Estamos apenas tomando medidas específicas para problemas específicos.
Exportadores
Em relação à falta de crédito para os exportadores, o ministro disse que o governo está vendendo dólares para manter a liquidez dos bancos e ampliando as linhas de crédito para o setor. Mantega, no entanto, admitiu que a equipe econômica pode intensificar a ajuda caso os exportadores continuem a encontrar problemas para vender ao exterior.
– Se isso não for suficiente, novas medidas serão tomadas para irrigarmos essas linhas de crédito para exportação – afirmou.
Antes da antecipação das liberações, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) havia informado que a falta de crédito poderia causar queda na safra que se inicia, com agricultores plantando menos, ou até utilizando menos insumos.
Na avaliação do ministro, o governo federal não precisa aumentar o corte de gastos para enfrentar a crise. Mantega citou os resultados das contas do setor público, divulgados pelo Banco Central e criticou a administração das finanças dos governos estaduais.
– Pela primeira vez, o governo central [formado pelo Tesouro Nacional, pela Previdência Social e pelo Banco Central], conseguiu manter o superávit nominal de janeiro a agosto. São os Estados que não estão conseguindo fazer superávit nominal – disse Mantega.
Para tentar mostrar a solidez da economia brasileira, o ministro citou ainda o fato de que, em setembro, as reservas internacionais, atualmente em R$ 207 bilhões, não sofreram queda.
– Na crise da Rússia em 1998, que era muito menor que a atual, nossas reservas evaporaram em poucas semanas porque o câmbio era fixo – concluiu.
AGÊNCIA BRASIL