| 01/10/2008 16h54min
Apesar da prorrogação do prazo para a renegociação das dívidas agrícolas, que deu aos produtores mais de tempo de rever cálculos e analisar compromissos, lideranças do agronegócio em Mato Grosso do Sul afirmam que uma solução realmente favorável aos produtores rurais ainda está longe. Quem aderir à renegociação ganhará fôlego para pagar os débitos, mas sofrerá influência direta na obtenção de crédito para as próximas safras.
Com a prorrogação do prazo, o produtor Hilário Coldebella terá uma nova chance de tentar renegociar as parcelas atrasadas do Pesa. Desde 2003 ele não consegue pagar a dívida, e agora espera encontrar uma solução junto ao banco credor. Mas para não ultrapassar a nova data limite para a adesão à renegociação, dia 14 de novembro, espera mais agilidade das instituições financeiras.
– A prorrogação do prazo foi importante, mas sempre que eu ia ao banco para tentar a renegociação notava que muitas informações estavam desencontradas, e que isso acabava enrolando todo o processo, atrasando uma definição para do caso – justifica.
Em Mato Grosso do Sul, a maior parte da dívida dos produtores rurais está no Banco do Brasil. São quase R$ 2 bilhões entre parcelas vencidas e a vencer, além dos débitos mais antigos referentes ao Pesa e à securitização. De acordo com o gerente de agronegócios, Loreno Budke, 90% dos produtores que poderiam renegociar as contas já procuraram o banco.
– A renegociação só é indicada para aqueles que realmente não tem condição nenhuma de arcar com os débitos, já que isso compromete os limites de crédito do produtor – explica ele.
Para a Federação de Agricultura do Estado (Famasul), o fato de os produtores terem agora mais tempo para decidir se devem ou não optar por renegociar suas parcelas devidas não é motivo de comemoração, já que as propostas para solucionar o passivo agrícola do país por enquanto não apresentaram o mais importante: uma saída concreta para ajudar o setor.
– Todas as medidas apresentadas por enquanto foram apenas paliativas. O resultado de tudo isso será a queda de produtividade, de tecnologia e das exportações num futuro não muito distante – comenta o vice-presidente da Famasul, Eduardo Riedel.
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