| 18/09/2008 19h47min
A turbulência dos últimos dias devido à crise nos Estados Unidos tem refletido no mundo todo. Grande exportador de produtos agrícolas, o Brasil acompanha o agravamento da queda dos preços no mercado internacional. O governo tenta minimizar os impactos, mas os produtores estão apreensivos.
Apesar das incertezas provocadas pela crise norte-americana, o governo brasileiro tenta se manter otimista, tanto que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior prevê aumentar a meta de exportações para 2008: o saldo total da balança comercial brasileira deve passar de US$ 180 bilhões para US$ 200 bilhões.
Para o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, a crise mundial deve impactar pouco no setor agrícola. Ele acredita que apesar de uma pequena queda, o preço das commodities vai se equilibrar.
– Nós podemos ter uma pequena queda, mas acho que vai ser uma tendência de estabilização desse patamar, que é mais elevado do que foi no passado, mas também é bem mais baixo do que foi há alguns meses atrás. Eu tenho impressão que não vamos ter grandes influências – afirmou.
De janeiro a agosto a balança comercial do agronegócio brasileiro obteve um saldo de R$ 40,6 bilhões – R$ 8 milhões a mais do que no mesmo período do ano passado. Desde junho, o preço das commodities vinha caindo, mas após o rombo imobiliário nos Estados Unidos os valores despecaram e alguns especialistas acreditam que o saldo final pode ser menor.
O economista Clímaco César discorda das previsões do governo e afirma que os produtos devem ficar ainda mais desvalorizados no mercado externo. Para ele, o produtor brasileiro será o maior prejudicado.
– As agroindústrias e o segmento do agronegócio em si não sairão tão prejudicados. Mas o produtor rural, esse sim, vai sair prejudicado nessa história – afirma.
Os reflexos da crise internacional na agricultura brasileira para o setor produtivo ainda são imprevisíveis. Mas a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alerta que a produtividade das lavouras pode diminuir já no ano que vem. Isso porque os altos custos de produção devem reduzir os investimentos tecnológicos no campo e a rentabilidade dos produtores também deve ficar ainda mais comprometida.
O produtor Plínio Cervi investe há dois anos no mercado futuro de commodities para conseguir melhores preços. Atento às movimentações financeiras dos últimos dias, ele espera a recuperação do mercado.
– Em relação a essa crise não vejo diferença. Vai continuar do jeito que está: o agronegócio e as indústrias vão continuar faturando alto, o governo vendendo óleo diesel a preços altos para os produtores, recolhendo impostos altos e regulando a balança. E o produtor, que é o elo mais fraco da cadeia, vai ficar na expectativa – prevê.
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