| 18/09/2008 17h26min
Evaristo Melo perdeu as contas de quantas vezes participou da Expo Prado, em Montevidéu. Ele é peão de uma estância no interior do Uruguai e durante a feira se muda para a capital do país. Ao contrário do que acontece nas grandes feiras agropecuárias brasileiras, como a Expointer, de Esteio (RS), ninguém dorme nas baias, ao lado dos animais. A Associação Rural do Uruguai, que organiza a exposição, tem pavilhões exclusivos para os tratadores, que dormem e comem em alojamentos adequados.
– É ótimo, não imagino como pode ser de outra maneira – diz Evaristo.
Durante a noite, quando os peões se recolhem aos alojamentos, vigilantes percorrem os pavilhões construídos cem anos atrás.
– Se o animal apresenta qualquer problema, o vigilante vai e nos chama. Se tem um touro inchado, uma vaca para parir, é só chamar o peão – explica Melo.
O uso das baias pelos peões causou polemica na Expointer 2008. O Ministério do Trabalho advertiu as cabanhas que não disponibilizaram alojamentos aos funcionários, conforme determina uma norma em vigor há três anos.
O uso dos alojamentos foi uma das surpresas para o grupo de 25 gaúchos que percorre o Uruguai desde o início da semana. Produtores rurais, técnicos e representantes do governo do Rio Grande do Sul conheceram de perto a realidade da agropecuária no país vizinho e as atrações da feira que completa 103 anos de existência. José Cícero Alves, de São Francisco de Paula, ficou impressionado com a qualidade dos animais.
– A feira é menor do que a Expointer, mas gostei muito do que vi aqui, principalmente os exemplares da raca Angus – analisa ele.
Angus ultrapassa, em número de animais, a raça Hereford
Pela primeira vez, a raça Angus ultrapassou em numero de animais a raça Hereford, a mais tradicional do Uruguai. O gaucho Fábio Gomes, da Cabanha Catanduva, de Cachoeira do Sul (RS), marca presença na feira desde 2001.
– A Catanduva foi a primeira cabanha brasileira que exportou embriões para o Uruguai – comemorou ele, que teve animais premiados, como La Coqueta, campeã da categoria terneira.
Este ano, 1716 animais participaram da Expo Prado. Os organizadores criticaram as regras que dificultam a participação de outros países.
– Existem produtos de criadores brasileiros, mas deveria haver mais – disse Guzman Tellechea Otero, presidente da Associação Rural.
– As regras têm que ser mais ágeis e menos burocráticas. Tem que ser permitida a circulação de animais de uma exposição para outra. Vamos solicitar as autoridades sanitárias e vamos seguir batalhando isso.
CANAL RURAL