| 31/08/2008 16h52min
O Freio de Ouro, que tem neste domingo a principal prova da raça crioula, perdeu um de seus entusiastas. O pecuarista Roberto Magalhães Suñe, morto há uma semana, aos 87 anos, além de apaixonado pelas artes, preservava a herança campeira deixada pelo pai, Mário Olivé Suñe – a Estância Peñarol, a qual comandou desde 1958, quando a área era um distrito de Bagé, hoje em Aceguá.
Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1944, o fazendeiro fazia da criação de cavalos crioulos uma atividade essencialmente voltada para o trabalho, principal função da raça. Suñe dedicou boa parte da vida à criação de gado para abate, manejando o rebanho somente com pasto nativo, e entregando ao mercado machos terminados com mais de 600 quilos de peso.
Na propriedade, mantinha cerca de 50 éguas crioulas em cria, todas com mais de 10 anos. Para Suñe, até essa idade, os animais da raça tinham de estar na lida com o gado. E todos os exemplares precisavam ter pelagem gateada.
– Era um gosto pessoal dele, que teve um cavalo muito bem classificado no Freio de Ouro. Em 1998, montei Virgulino 476 do Peñarol, que ficou na quarta colocação – lembra Alexandre Pons Suñe, sobrinho-neto de Suñe.
Antes disso, o interesse pela raça levou o criador a comprar o cavalo BT Brazão do Junco, campeão da competição no parque Assis Brasil, em Esteio, em 1989.
Nos últimos anos, o pecuarista precisou se afastar das provas classificatórias ao Freio de Ouro para tratar um câncer de próstata. Deixou o seu nome inscrito na Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC).
– Foi um nome importante para o meio – afirma o presidente da entidade, Henrique Teixeira.
Foto: Adriana Franciosi