| 04/07/2008 16h47min
O ex-banqueiro Salvatore Cacciola, que teve a extradição autorizada pelo Principado de Mônaco, deverá chegar ao Brasil nos próximos 15 dias. A previsão foi feita nesta sexta-feira pelo secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior. Ele informou que o esquema para a transferência de Cacciola ainda será definido, mas adiantou que o objetivo é trazê-lo em vôo de carreira normal. O ex-banqueiro seria escoltado por agentes da Interpol, a polícia internacional, acompanhados de um funcionário da Secretaria Nacional de Justiça.
— A extradição mostra que o Brasil está na vanguarda e que o mundo está preocupado em não deixar que fronteiras físicas possam impedir a ação da Justiça. A sociedade brasileira conseguiu uma grande vitória, porque o príncipe Albert II destronou o rei da impunidade — afirmou Tuma.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, ressaltou sua convicção de que a defesa de Cacciola não terá mais possibilidade de recorrer da decisão ao Judiciário do Principado de
Mônaco, apesar de os
advogados do ex-banqueiro dizerem o contrário. Tarso afirmou ainda que Cacciola será entregue às autoridades judiciárias do Rio de Janeiro para que decidam o local onde ele ficará detido.
Cacciola foi condenado no Brasil, em 2005, pelos crimes de peculato e gestão fraudulenta do Banco Marka. A pena do ex-banqueiro é de 13 anos de prisão em regime fechado. Ele fugiu do país para a Itália e, por ter cidadania italiana, não pôde ser extraditado. Em 2007, foi preso pela Interpol em Mônaco, o que possibilitou ao governo brasileiro pedir a sua extradição.
O caso
Ex-banqueiro deve ser extraditado até o fim da próxima semana:
ESCÂNDALO
Em 1999, quando uma crise mundial causa a desvalorização do real, o banco Marka, de Salvatore Cacciola, e o FonteCindam são socorridos pelo Banco Central. A operação dá prejuízo de cerca de R$ 1,6 bilhão ao governo brasileiro, na época
HABEAS CORPUS
Em 2000, Cacciola é preso, mas aproveita um habeas
corpus e foge para a Itália, de onde não pode ser extraditado por ter cidadania italiana
CONDENAÇÃO
Em 2005, quando estava foragido, ele é condenado a 13 anos de prisão por gestão fraudulenta e peculato
PRISÃO
Após sete anos em Roma, o ex-banqueiro é preso pela Interpol em Mônaco, em setembro do ano passado
ATRASOS
O governo brasileiro pede a extradição de Cacciola. Durante sete meses, o processo judicial arrasta-se, marcado por atrasos e erros de tradução de documentos, até a decisão da Justiça monegasca favorável à extradição em abril
RECURSO
No fim de junho, a Corte de Apelação de Mônaco recursou o último recurso de que Cacciola dispunha para evitar sua extradição. Para confirmar o veredicto, faltava só a decisão soberana do Executivo, representado pelo príncipe Albert II
PALAVRA FINAL
O ministro Tarso Genro (Justiça) diz que até o fim da próxima semana o
ex-banqueiro deve ser extraditado para o Brasil. Tarso recebeu hoje a confirmação de que o
príncipe Albert II concordou com a extradição
Cacciola (foto) foi condenado no Brasil, em 2005, pelos crimes de peculato e gestão fraudulenta do Banco Marka
Foto:
Cacalos Garrastazu, BD, 14/05/1999