| 26/06/2008 17h32min
Durante a inauguração de um restaurante popular e tendo ao lado uma pré-candidata a prefeita de Belo Horizonte, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, defendeu nesta quinta-feira o reajuste nos benefícios do Bolsa Família.
Ele rebateu a possibilidade de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contestar o aumento médio de 8%, acima da inflação, anunciado ontem pelo governo.
— Como advogado, como professor de direito, eu estou seguro de que, além da dimensão ética, de justiça social, o reajuste foi dado rigorosamente dentro da lei — afirmou o ministro, que visitou a capital mineira para inaugurar o restaurante de Venda Nova, uma das regiões mais populosas da cidade, na zona norte.
Ele disse que está convicto de que não haverá dificuldades com a Justiça Eleitoral porque o reajuste foi concedido antes da data-limite.
Segundo o ministro, existe também "uma compreensão" de que, nas eleições municipais, "não
há nenhum impedimento para as ações do governo
federal".
A pré-candidata a prefeita da capital Jô Moraes (PC do B) e vários petistas ligados ao ministro — contrários à aliança com os tucanos em torno da candidatura do ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico Márcio Lacerda (PSB) — participaram do evento.
O prefeito do município, Fernando Pimentel (PT), que articulou a coligação com o governador Aécio Neves (PSDB), também participou.
O grupo contrário à polêmica coalizão defende o lançamento de um candidato próprio do PT ou o apoio à candidatura de Jô Moraes — que deverá ser homologada no domingo, durante convenção do PC do B.
Ela classificou como "mais do que justo" a elevação dos benefícios, lembrando a alta nos preços dos alimentos.
Jô Moraes disse que não enxerga vínculo entre a decisão e as eleições, atribuindo eventuais críticas à "disputa política":
— Isso não interferirá no resultado eleitoral porque o presidente Lula
já tem ações concretas à população que foi atendida.
Lula
No discurso, Patrus Ananias reiterou a necessidade do aumento no valor dos benefícios, considerando que, com a medida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um "sinal claro" de que trabalhará para o controle da inflação, "mas a conta não será mandada para os pobres". — Não serão penalizados. Nós vamos manter e ampliar as políticas sociais — afirmou para os populares que lotaram o novo restaurante.
Questionado, ele disse que só havia lido declarações de parlamentares da oposição favoráveis à ampliação.
O ministro observou que, junto com o reajuste do Bolsa Família, Lula determinou o corte de R$ 3 bilhões no Orçamento de 2008.
— Está mantida a austeridade do governo. Nós todos queremos a estabilidade, sabemos que a inflação é inaceitável, é perversa e pune, sobretudo, os pobres — disse.
A expectativa do ministro é de que a pasta não seja atingida:
— Minha intuição é
que não haverá cortes no nosso ministério porque as políticas sociais se
complementam. O Bolsa Família não é um programa isolado.
Restaurante
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome investiu R$ 629 mil no novo restaurante. A prefeitura entrou com uma contrapartida de R$ 155,8 mil. A unidade oferecerá 3 mil refeições diárias.
Hoje, a agenda do ministro previa ainda a inauguração de um Centro de Referência de Assistência Social em Coronel Fabriciano (MG), ao lado do prefeito Chico Simões (PT), candidato à reeleição.
Eles também participariam do lançamento do núcleo de um programa de cursos profissionalizantes para a população de baixa renda, preferencialmente beneficiários do Bolsa Família.
Patrus Ananias recusou-se a falar sobre a possibilidade de o PSDB apoiar, informalmente, a chapa de Lacerda, tendo como candidato a vice-prefeito Roberto Carvalho (PT), diante do veto do diretório nacional petista à presença dos tucanos na aliança.
Crítico do acordo entre Pimentel e Aécio, o ministro disse que
estava no Estado para participar dos eventos e "falar sobre políticas sociais."
Pimentel
No pronunciamento, o prefeito de Belo Horizonte tocou, indiretamente, no assunto, pregando entendimento em torno da candidatura de Lacerda. Pimentel afirmou que tem a esperança de que Belo Horizonte "vai manter o rumo" trilhado a partir da gestão de Patrus Ananias, que chefiou a gestão municipal de 1993 até o fim de 1996.
Ministro disse que está convicto de que não haverá dificuldades com a Justiça Eleitoral porque o reajuste foi concedido antes da data-limite
Foto:
Marcello Casal Jr., ABr