| 24/06/2008 10h22min
A grande vilã da inflação internacional é a política monetária dos Estados Unidos, não os alimentos. A opinião é de Paulo Rabelo de Castro, da RC Consultores, que fará uma palestra no seminário Perspectivas para o Agronegócio em 2008 e 2009, promovido pela BM&FBovespa, nesta terça-feira, dia 24, em São Paulo. Castro falará exatamente sobre a inflação.
– A inflação é um problema monetário. A escassez de alimentos é circunstancial e relativa. Não houve redução significativa de produção de alimento algum. O que tem havido é um aumento mais intensivo da demanda – avaliou Paulo Rabelo de Castro, em entrevista ao Agribusiness.
Segundo Paulo Rabelo de Castro, o Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) só não agiu porque tem dois problemas: de um lado, tenta moderar a crise de crédito ocasionada por contratos do setor imobiliário, que pediria juros mais baixos. Por outro lado, segundo o analista, a alta nos preços, principalmente do petróleo, pediria
uma ação mais severa, com
aumento na taxa de juros.
– Entre as duas coisas, ele ainda opta por uma taxa de juros baixa. Portanto, estimula a inflação, dita, dos alimentos – afirmou Castro, para quem a especulação em torno da política monetária americana é o principal fator da inflação.
Castro disse ainda que as autoridades monetárias americanas manterão a taxa de juros no país (atualmente em 2% ao ano) na próxima reunião, marcada para esta quarta-feira, dia 25. Ele acredita até em influência de interesses políticos na decisão, já que o país está em ano de eleição presidencial.
– Portanto, vamos para mais inflação no mundo até o final do ano, o que vai requerer, em 2009, muito cuidado nas nossas decisões de política macroeconômica no Brasil.
Diante dessa situação, o analista de RC Consultores recomendou cautela aos produtores rurais brasileiros. Para Paulo Rabelo de Castro advertiu que o mesmo cenário que, hoje, empurra, os preços dos
alimentos para cima, pode pressionar para baixo
e contestar a tese de que os preços dos alimentos ficarão por longo tempo nos patamares atuais.
– É preciso tomar muito cuidado nas decisões de intensificação de produção, de aumento de área. O produtor tem de continuar fazendo conta.