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 | 19/06/2008 07h00min

Duração de conflito argentino começa a preocupar brasileiros

Dia é marcado por demonstração de força do governo

O prolongamento da tensão entre produtores rurais e o governo argentino - num atrito que já dura mais de cem dias - começa a preocupar executivos de empresas brasileiras com negócios no país vizinho.

Se persistir por mais um mês, o conflito pode provocar o corte de 15% a 20% do faturamento da Metalcorte, fabricante de motores elétricos, segundo o diretor de negócios internacionais da empresa, Rogério Cunha. A Metalcorte, vice-líder do segmento no Brasil, tem um centro de distribuição em Buenos Aires que emprega 15 pessoas e fatura 1 milhão de pesos por mês (R$ 531 mil).

Para Cunha, um dos perigos que afeta o ambiente de negócios no momento é o costume argentino de fazer pagamentos com cheques pré-datados, em vez de utilizar boleto ou transferências bancárias, como ocorre no Brasil.

– Existe o risco de calote nestes cheques – diz o executivo.

As metas da Empresas Randon para suas duas unidades argentinas estão mantidas, afirma o diretor corporativo e de relações com investidores do grupo, Astor Milton Schmitt. Ainda assim, acompanha o noticiário com alguma apreensão, conta Schmitt, que nessa quarta-feira almoçou com o executivo da companhia na Argentina.

– Até agora, o comportamento do mercado e a demanda estão normais – disse Schmitt.

Em Buenos Aires, os ruralistas, a classe média e os partidos de oposição foram o alvo de um duro discurso pronunciado nessa quarta-feira pela presidente argentina Cristina Kirchner perante mais de 100 mil pessoas que acotovelaram-se na histórica Praça de Mayo, para declarar-lhe incondicional apoio ao projeto de governo.

– Buzinaços, panelaços e piquetes não resolvem nada – esbravejou Cristina, em referência às ações de protestos que os ruralistas e a classe média das principais cidades do país protagonizaram contra seu governo nos últimos três meses.

A manifestação foi organizada pelo próprio marido da presidente, o ex-presidente Néstor Kirchner. O denominado "primeiro-cavalheiro" mobilizou sindicatos, prefeitos dos municípios da Grande Buenos Aires e governadores de províncias de várias regiões do país, para realizar uma demonstração de força perante os recentes protestos contra o governo.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina registrou crescimento de 8,4% no primeiro trimestre do ano.

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