| 11/06/2008 17h52min
Os temores trazidos pela pressão inflacionária no Brasil e no mundo fizeram com que a Bovespa caísse pela quarta sessão consecutiva, nesta quarta-feira, acumulando em junho perdas de 7,99%. A alta do petróleo no mercado internacional amplificou a reação aos fortes índices de preços que saíram esta manhã no mercado doméstico, e também ajudou a empurrar as bolsas americanas para baixo.
Ao fechar em baixa de 1,45%, o Ibovespa, principal índice da Bolsa paulista, caiu abaixo de 67 mil pontos, em 66.794,8 pontos. O índice oscilou entre a mínima de 66.715 pontos (-1,56%) e a máxima de 68.061 pontos (+0,42%). Apesar da queda acumulada em junho, no ano a Bolsa ainda registra alta, de 4,55%. O volume financeiro negociado totalizou R$ 6,347 bilhões.
Os três índices de preços que saíram hoje foram muito salgados, mas, atendo-se apenas ao principal, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, que baliza a meta de inflação) foi em maio o maior desde abril de 2005, ao apontar
inflação de 0,79%.
O repique indica que o Banco Central terá que ter mão forte para conseguir manter a inflação no centro da meta (4,5%), ou pelo menos dentro da banda de oscilação (2,5% a 6,5%). As previsões já começaram a ser revistas e, numa delas, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) calculou que a taxa Selic deve fechar 2008 em 15,25% ao ano, ou seja, três pontos percentuais acima do que está hoje.
Esta elevação nos preços prejudica as ações em três frentes. Afeta as empresas, principalmente de consumo, ao pesar sobre o crédito ao consumidor, arrefecendo a demanda; encarece empréstimos também para as companhias; e, por fim, aumenta a atratividade da renda fixa, que promete um retorno considerável com muito menos risco e volatilidade do que as bolsas de valores.
Os analistas, no entanto, ainda não estão refazendo as projeções para o Ibovespa em 2008, mas acreditam que o ciclo baixista ainda não acabou e já falam em tombo para 65 mil pontos. O que não deve ser difícil de acontecer logo,
já que a agenda segue
carregada de indicadores, principalmente nos Estados Unidos.
Os últimos índices divulgados lá sinalizaram com mais vigor uma recessão, o que por si só já é um problema, mas a inflação também está pressionando, o que deixa o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) de mãos atadas: se elevar os juros para coibir a alta dos preços, pode gerar uma estagflação.
Petróleo
O petróleo em alta neste cenário só prejudica, ao dar mais fôlego para a inflação. Hoje, o preço do barril subiu 3,86%, a US$ 136,38, na Bolsa Mercantil de Nova York. Com isso, e também com as ações do setor financeiro em baixa, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, recuou 1,68%, o S&P cedeu 1,69% e o Nasdaq perdeu 2,24%.
Petrobras, apesar da alta do petróleo, teve fechamento misto. As ações ON subiram 0,18% e as PN caíram 1,30%. Vale foi uniforme: ON recuou 3,10% e PNA perdeu 2,10%.