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 | 30/05/2008 10h46min

Governo da Argentina critica reação do setor agrícola às mudanças no sistema tributário do país

Regime tributário sobre exportações de grãos do país foi estopim de conflito entre ruralistas e a Casa Rosada que já dura 80 dias

O governo argentino criticou nesta sexta-feira, dia 30, a reação negativa do setor agropecuário às mudanças anunciadas nessa quinta-feira no esquema de impostos móveis às exportações de grãos, estopim de um conflito que hoje completa 80 dias.

– A esta altura dos eventos, preocupa bastante o ponto aonde os dirigentes do campo estão levando a discussão. Agora acaba que tudo isso é insuficiente e é exatamente o que eles tinham pedido, o que eles tinham colocado – disse o chefe de Gabinete, Alberto Fernández.

Na quinta-feira, dia 29, o governo de Cristina Fernández anunciou uma redução na taxa aos impostos às exportações de soja, girassol, milho e trigo, mudanças que adotou sem prévia negociação com as patronais agropecuárias, com as quais o diálogo está interrompido.

O campo rejeita as remodelações, pois a redução nos impostos é só para um lance de preços nos grãos que hoje não se registra nos mercados internacionais, por isso, na prática e aos valores atuais continuarão pagando os mesmos tributos que o governo dispôs em 11 de março.

– Agora isso tudo se torna desnecessário porque a soja não vai subir, mas vai descer. Se a soja baixa, vai baixar também a retenção. Isto é exclusivamente porque têm que pagar 4 ou 5 pontos mais de retenções (impostos às exportações), não 50% – disse Alberto Fernández.

Ele reiterou que os dirigentes rurais são quem se nega "a dialogar". Após serem anunciadas nesta quinta-feira as mudanças anunciadas pelo Executivo, a Federação Agrária e a Sociedade Rural, as mais duras das quatro entidades representativas do campo, qualificaram a medida de "insuficiente".

As entidades ratificaram ainda os protestos dispostos até meia-noite de segunda-feira, que representam a não comercialização de grãos para a exportação e gado bovino.

No entanto, Fernando Gioino, o titular da Confederação Intercooperativa Agropecuária (Coninagro), outra das quatro patronais, se distanciou do protesto ao dizer que os produtores agropecuários não têm que dar "tudo por ruim".

O dirigente disse à rádio Continental, de Buenos Aires, que com os anúncios do governo, "começou-se a falar de retenções e há um início para tratar o tema".

– Se esta é a oportunidade de começar a falar, é preciso buscar os mecanismos para que o diálogo chegue – afirmou.

AGÊNCIA EFE
Ricardo Santellán, Agência EFE / 

A presidente Cristina Kirchner (C) se reuniu nesta quinta, dia 29, com ministros e governadores de sete províncias. No encontro foi definida a correção no esquema de impostos
Foto:  Ricardo Santellán, Agência EFE


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