| 21/05/2008 17h04min
A elevação do nível de pontuação da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acima dos 70 mil pontos, numa série iniciada no último dia 5 e mantida nesse patamar, sem baixa desde o dia 12, foi motivada em parte por fatores econômicos, mas representam também a conseqüência de um comportamento especulativo.
Essa foi a análise feita nesta quarta-feira pelo professor de Finanças do Núcleo de Estudos Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Manuel Alcino Ribeiro da Fonseca. Até o início da tarde, a Bovespa apresentava nível de 73.216 pontos.
O economista afirmou que o atual nível de pontuação da Bolsa, contra a faixa de 60 mil a 69 mil pontos observada nos últimos anos, não está ligado ao desempenho da economia brasileira mas, sim, aos preços de certas commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional), em especial o petróleo, "que afeta as ações da Petrobras. E estas vêm contribuindo bastante para o aumento da
Bolsa".
Soma-se a
isso o fato recente da agência de avaliação de risco Standard & Poor's ter classificado para cima o risco dos títulos do governo brasileiro, concedendo ao país o grau de investimento (investment grade), acrescentou Manuel Fonseca.
"Contramão das tendências internacionais"
Na análise do economista, se por um lado o aumento da pontuação da Bovespa indica o fortalecimento do mercado de ações no Brasil e das empresas nacionais, de outra parte denota um caráter especulativo.
— É complicado ficar com uma avaliação otimista porque o que está acontecendo na Bolsa do Brasil está na contramão das tendências internacionais. As Bolsas não estão subindo tanto — constatou.
Fonseca afirmou que é difícil avaliar se a alta da Bovespa seria apenas um movimento passageiro.
— Eu acho que é um aspecto de especulação muito forte — defendeu.
Para ele, parte do fenômeno tem a ver
com os fundamentos econômicos e outra parte com especulação.
O economista
afirmou que o aspecto financeiro no Brasil está hoje muito atrelado à economia mundial. Daí assegurar que a permanência da pontuação da Bovespa no atual patamar depende da solução da crise financeira internacional.
— Se a crise se resolver bem, as coisas caminham bem no mercado de Bolsa e no mercado financeiro brasileiro. Se a coisa lá fora caminhar mal, isso já não vai acontecer — explica Fonseca.