| 13/05/2008 17h51min
Trabalhadores rurais – integrantes do Movimento Grito da Terra – realizaram nesta terça-feira, dia 13, manifestação na Esplanada dos Ministérios para pedir a inclusão de culturas como a mamona e o milho na produção de biocombustíveis
A criação de áreas específicas para a produção de etanol (biocombustível) para que não avancem sobre aquelas destinadas à produção de alimentos é pauta prioritária do 13º Grito da Terra 2008.
O movimento, liderado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), reúne cerca de oito mil camponeses em Brasília desde segunda. Na manhã desta terça, cerca de quatro mil participaram de manifestação em frente ao Congresso Nacional.
– Temos a reivindicação de políticas públicas para atender os trabalhadores assalariados que vão perder o emprego com o avanço da mecanização da cana. Queremos que o governo faça processo de zoneamento, mapeamento e de definição legal aonde deve ficar a terra para plantar cana e aonde fica a agricultura familiar. Do jeito que está, a cana não tem fronteira – disse o presidente da Contag, Manoel dos Santos.
Para ele, a questão ainda não preocupa o país como ocorre com os Estados Unidos, que perderam áreas destinadas à produção de alimentos para aquelas em que é produzido o álcool de milho. No entanto, ele defende a criação de políticas de planejamento para o futuro.
– Preocupa porque não temos reflexo imediato no Brasil sobre a produção de alimentos. Mas temos que pensar em políticas de curto, médio e longo prazo. Se não houver planejamento e definição de marco legal, vamos ter em pouco tempo reflexo forte. O grande foco dos produtores de álcool não tem a ver com alimento, nem sustentação de soberania alimentar. O foco está no lucro – afirmou.
Outra reivindicação do Grito da Terra é a revisão dos índices de produtividade do campo (avaliação feita por técnicos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra - sobre áreas passíveis de desapropriação). Manoel cobra do presidente da República uma posição, já que eles continuam desatualizados – são de 1980, com base em estatísticas de 1975.
– A questão dos índices de produtividade, nós sabemos que a proposta técnica está pronta, mas não tem uma decisão do presidente. Por isso cobramos dele. Dizem que é uma questão do ministério da Agricultura, do MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário], mas não é nada disso. O problema é do [presidente] Lula [Luiz Inácio Lula da Silva], porque ele nomeou o ministro e pode demitir, se ele não fizer – defende.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, admitiu em entrevista à Agência e à TV Brasil, que aquele era o melhor momento para a atualização – que deve ocorrer por meio de portaria interministerial. No entanto, ela ainda não aconteceu.
A expectativa da Contag é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva receba os manifestantes nesta quarta, dia 14, quando deve dar uma resposta à pauta de reivindicações, entregue a ele por Manoel dos Santos, no último dia 15 de abril.
AGÊNCIA BRASIL
Cerca de oito mil pessoas estão reunidas em Brasília para a manifestação
Foto:
Marcello Casal Jr, Agência Brasil