| 06/05/2008 18h35min
Um estudo realizado pela Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), por meio da Gerência de Manejo e Proteção da Fauna Silvestre, tem contribuído para melhorar a qualidade de vida das espécies da fauna silvestre da cidade. Trata-se do monitoramento e catalogação das espécies encontradas no município. Para realizar o estudo, os animais foram separados em cinco grupos: peixes, répteis, anfíbios, mamíferos e aves. O objetivo é identificar a rotina e os hábitos de cada espécie e, a partir desses dados, propor ações para melhorar as condições e o ambiente em que vivem os animais.
- Realizamos o monitoramento das espécies nativas em seu ambiente natural e, com base nessas informações, estudamos ações para solucionar os problemas encontrados. Além disso, durante o monitoramento aproveitamos para realizar a identificação e registro das espécies encontradas-, explica a gerente de Manejo e Proteção da Fauna Silvestre, Marize Moreira.
No grupo dos peixes, o principal problema identificado foi a convivência das espécies nativas, como piau e lambari, com espécies exóticas, como tilápias e carpas, originárias da Ásia e África. - As espécies exóticas, além de serem predadoras das espécies nativas, causam danos aos lagos. As tilápias, por exemplo, na época de reprodução, cavam buracos nas bordas dos lagos para se esconderem. Como o tempo, as bordas vão erodindo. Além disso, elas também alteram o pH e o nível de oxigênio da água. Por isso, é importante que a população se conscientize e não jogue essas espécies em nossos lagos-, explica a gerente.
Para resolver o problema, as equipes da Amma têm realizado a higienização e repovoamento dos lagos da cidade. - Já desenvolvemos o trabalho nos lagos dos parques Vaca Brava e Flamboyant, e no Bosque dos Buritis o trabalho está em fase de conclusão. Primeiro fazemos a retirada das espécies exóticas, a higienização e adequação do lago, com equilíbrio do pH e do oxigênio. Depois é feito o repovoamento, com piau e lambari, espécies nativas que se reproduzem em água parada. Também introduzimos um pintado e um dourado, espécies que não se reproduzem em lagos e realizam o controle populacional-, esclarece a gerente. - Uma grande vantagem é que não precisamos mais comprar peixes para promover o repovoamento dos lagos. As espécies dos lagos dos parques Flamboyant e Vaca Brava têm um grande índice de reprodução, então vamos realizar o manejo para os outros lagos da cidade-, completa Marize.
Mamíferos
No grupo dos mamíferos, os principais animais monitorados pelas equipes da Amma são os primatas. - Percebemos que as plataformas de alimentação criadas no Parque Areião e no Jardim Botânico fizeram com que os macacos retornassem para o interior da mata, onde eles mantêm seus hábitos naturais. Isso diminuiu o contato dos animais com a população, que acabava alimentando-os de forma inadequada-, informa. Nesse sentido, os macacos que vivem nesses parques de Goiânia tiveram sua qualidade de vida elevada, na medida em que passaram a consumir alimentos saudáveis e voltaram a caçar suas presas, quando ganham alimento dos visitantes, acabam perdendo o hábito da caça.
Até mesmo os seres humanos são beneficiados pelos estudos. - Foi o trabalho de monitoramento com os primatas que nos permitiu identificar a circulação do vírus da febre amarela em Goiânia, no final do ano passado-, lembra a gerente.
Aves
Em relação às aves, durante o monitoramento a gerente observou que há espécies mais exigentes com relação ao ambiente em que vivem. - Quanto mais conservada é a vegetação do parque, mais rico ele é, em termos biológicos, e maior é a variedade de espécies nele encontradas. Estamos desenvolvendo um trabalho de educação ambiental para conscientizar as pessoas sobre a importância da conservação das áreas verdes da cidade, para preservar a biodiversidade desses locais-, finaliza Marize Moreira.
Répteis
No caso dos répteis e anfíbios, o monitoramento é realizado durante a implantação e manutenção dos parques e bosques da cidade. - Esse trabalho nos permite ter conhecimento da população silvestre desses locais e a definir a melhor forma de orientar a sociedade a respeito do contato com eles. Para quem mora próximo a áreas de preservação, é comum, por exemplo, ter a casa invadida por algum animal silvestre. Sempre orientamos as pessoas a não matarem ou tentarem manuseá-lo. O mais apropriado é entrar em contato com a Agência, para que nossos técnicos tomem as providências necessárias-, esclarece Marize Moreira.
A gerente esclarece, ainda, que o estudo das espécies será constante. - Precisamos estar sempre em contato com os animais para garantir a qualidade e a harmonia dos ambientes em que eles vivem-, alega.
PREFEITURA DE GOIÂNIA
No grupo dos mamíferos, os principais animais monitorados pelas equipes da Amma são os primatas
Foto:
Emílio Pedroso