| 04/05/2008 19h17min
Produtores rurais argentinos voltaram a ocupar as margens de estradas em diversos pontos do país, com assembléias que avaliaram o andamento das negociações com o governo e os planos de luta. Seguindo o que foi acertado entre as quatro entidades rurais que formam a Comissão de Enlace, a maior parte dos protestos não teve interrupção do trânsito, exceto em alguns locais do departamento (estado) de Rosario e no município de Gualeguaychú, em Entre Rios, informa a agência de notícias argentina Telam.
Na sexta-feira, dia 2, as entidades de produtores rurais anunciaram o fim da trégua com o governo e declararam “estado de alerta e mobilização”, ao mesmo tempo em que reiteraram disposição para o diálogo. Durante os protestos deste sábado, dia 3, os ruralistas se mantiveram às margens das estradas, entregando panfletos explicativos.
O presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA), Luciano Miguens, garantiu que a mobilização continuará sem bloqueios ou desabastecimento. A respeito da reunião com representantes do governo, marcada para terça-feira, dia 6, Miguens acrescentou que espera “soluções para as retenções móveis, a interferência no mercado de futuros”.
Ele afirmou também que os ruralistas estão "esperando o decreto da carne [que libera exportações], mas infelizmente ainda não saiu”. Miguens descartou que a venda do produto ao exterior produziria aumento nos preços internos.
Enquanto isso, a Federação Agrária de Entre Rios bloqueou o trânsito da rodovia 14 nacional de Gualeguaychú, Entre Rios e garantiu que vai repetir a ação na próxima quarta-feira, caso não se chegue a uma solução com o governo da presidente Cristina Kirchner.
– Senhora Presidente, você tem a chave para colocar no trabalho os tratores e as colheitadeiras. Coloque a vontade de que se precisa – afirmou o presidente da federação, Alfredo de Angeli, durante uma assembléia dos produtores.
O ministro da Produção de Formosa, Luis Basterra, mostrou-se “otimista e confiante em uma solução rápida” para o conflito entre o setor agropecuário argentino e o governo por causa da implantação de retenções à exportação de grãos.
Pedro Carranza, um dos produtores “autoconvocados” que assumiu o posto de porta-voz dos ruralistas que estavam em estradas de Buenos Aires, afirmou que “a decisão de sair às rodovias é para informar as pessoas sobre o conflito e nossa posição” sobre o tema.
– Não vamos prejudicar o trânsito normal de veículos, não vamos bloquear estradas, somente tratamos de conscientizar que se trata de uma situação delicada, que precisamos que se resolva – acrescentou.
AGÊNCIA BRASIL